Brasil no mau caminho

Previsões otimistas do governo Dilma para a economia são ilusórias, alerta Valdivino

O deputado Valdivino de Oliveira (GO) alertou nesta quarta-feira (23) que o governo Dilma tenta vender para a população a falsa impressão de que a economia vai bem, quando a realidade é bem diferente. O Ministério do Planejamento revisou ontem a previsão de crescimento do PIB neste ano de 2,5% para 1,8%. Mas, ao analisar o número, o parlamentar do PSDB destaca que ainda há otimismo demais por parte do Executivo, já que não existe um ambiente favorável nem para essa evolução pífia. Em sua avaliação, as estimativas do mercado financeiro são bem mais realistas. Analistas ouvidos pela pesquisa Focus, do Banco Central (BC), esperam que o país cresça apenas 0,97% este ano.

“O governo tenta vender uma ilusão para a população de que a economia vai bem, quando na verdade ela vai mal”, aponta Valdivino. “A política econômica é equivocada, mas eles acreditam que ela vai provocar uma reviravolta. Acontece que não há um ambiente macroeconômico que possibilite uma previsão dessa natureza”, explica o tucano, que desde o ano passado já fazia alertas para um crescimento inferior a 1,5% neste ano. 

Caso as projeções do mercado financeiro se confirmem, 2014 terá o pior resultado da economia desde a crise financeira global de 2009, quando a o PIB brasileiro encolheu 0,3%. O deputado avalia, porém, que o real cenário econômico mostra que essa é a possibilidade mais forte. Já a expectativa do governo, na realidade, é apenas mais uma propaganda enganosa.  “Os indicadores mostram que não temos condições de crescimento”, lamenta. O fato é que a recessão está batendo à porta do país. 

DESCONFIANÇA DOS INVESTIDORES – Valdivino explica que o os investimentos não encontram ambiente favorável no país. A produção industrial perdeu fôlego, a venda de máquinas e equipamentos está em queda e o empresariado não vê estímulos para investir ou modernizar suas fábricas. O que há, segundo ele, é uma nação de altos custos e pouca competitividade.

Em meio a isso, outra revisão feita pelo governo foi da previsão de inflação para o ano, com elevação de 5,6% para 6,2%. No entanto, o mercado financeiro prevê que o índice encerrará o ano em 6,44%, ainda mais próximo do teto da meta (6,5%). Ao mesmo tempo, o governo  não alterou o contingenciamento de despesas nem liberou novos gastos. Embora esteja previsto um acréscimo de R$ 714,5 milhões nas chamadas despesas primárias de execução obrigatória, houve um crescimento no mesmo valor na estimativa de receita líquida de transferências a estados e municípios.

A meta do setor público é realizar um superávit primário de R$ 99 bilhões, ou 1,9% do PIB este ano. Valdivino não acredita que seja possível se atingir a meta sem que o governo recorra à contabilidade criativa, com maquiagem dos números. O quadro atual é tão preocupante que o tucano acredita em impactos negativos também na balança comercial.

Valdivino alerta ainda para a “bola de neve” provocada pela má situação do país.  “Não há boas perspectivas para a economia. As famílias não conseguem mais se endividar e, diante disso, o consumo tende a sofrer um baque muito grande: as empresas estão reduzindo a oferta de crédito, assim como o sistema financeiro. Isso atrapalha a comercialização de bens de consumo duráveis, como automóveis”, alerta o deputado, ao destacar que o arrefecimento econômico atinge praticamente todos os setores.  

(Reportagem: Djan Moreno/ Charge: Fernando Cabral/ Áudio: Kim Maia)

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