Benefício próprio

Seca no Nordeste: sem cisternas nem transposição, população sofre com descaso do governo

A promessa era entregar 130 mil cisternas à população afetada pela seca no semiárido brasileiro até julho deste ano. Foi o que disse a presidente Dilma em abril. No entanto, nem a metade do prometido foi feita até agora, mesmo com o tempo já esgotado. Apenas 59 mil reservatórios de água foram entregues e, enquanto esperam o benefício, as famílias continuam a sofrer com os efeitos da estiagem na região.  Deputados do PSDB criticaram o descaso do governo com as cerca de 10 milhões de pessoas que vivem o drama em estados nordestinos e no Norte de Minas Gerais.

Raimundo Gomes de Matos (CE) ressalta que a promessa das cisternas sofre do mesmo mal da obra de transposição do rio São Francisco, também estagnada. Segundo ele, o governo federal usa os projetos em benefício próprio para se promover. O tucano lembra que a gestão petista tem gastado com publicidade valores cada vez maiores, mas não consegue executar ações simples como a entrega das cisternas.

“A população do Nordeste passa por esse grande déficit hídrico especialmente em virtude da não concretização da tão alardeada obra de transposição do São Francisco, usada especialmente na campanha eleitoral da presidente Dilma”, destacou. O primeiro canal da transposição, que a princípio seria inaugurado pelo ex-presidente Lula em 2010, avançou apenas 1% no último ano e não ficará pronto até o fim do atual governo.

Isso mostra, segundo ele, que mesmo com alternativas simples, como as cisternas, a população não consegue ver as melhorias por falta de empenho do Planalto. Enquanto isso, o Nordeste atravessa uma das mais graves estiagens dos últimos 60 anos.  A explicação do Ministério da Integração Nacional, responsável pelas iniciativas, é que problemas de logística de transporte dos tanques retardaram o programa de entrega dos reservatórios.

Vale lembrar que o próprio governo trocou as cisternas de alvenaria, fabricadas pelos próprios moradores, pelos reservatórios de polietileno. O argumento era de que isso tornaria a instalação mais rápida. Ou seja, mais uma contradição.

“Houve outros interesses comerciais nessa questão das cisternas de polietileno. O certo seria que as cisternas fossem feitas pela comunidade local”, afirma Gomes de Matos. O tucano afirma que sempre defendeu a fabricação própria das cisternas. Para ele, o interesse do governo por um material específico pode significar que existiam interesses particulares na licitação.

Para ele, outra contradição é que o governo tem como transportar os reservatórios do Sul para o Nordeste, mas não tem como levar milho para alimentar os animais.

O deputado Domingos Sávio (MG) afirma que tudo isso faz parte da série de ações prometidas com alarde pelo governo federal e não concretizadas. “O PT prometeu acabar com a corrupção, e o problema só aumentou; prometeu salvar a segurança pública, e os investimentos foram reduzidos. Em relação ao combate aos efeitos da seca, o PT também promete e não cumpre. Com isso, abusa e maltrata uma população já muito castigada pela seca”, declarou.

Na avaliação do parlamentar, o governo do PT não quer que a população nordestina conheça o desenvolvimento e recorre ao coronelismo. “Querem que as pessoas continuem dependendo do Estado e vejam os petistas como ‘paizões’, como os salvadores”, afirmou.

Segundo ele, o correto era fazer como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que priorizou o desenvolvimento daquela região. “Visitei o Ceará e vi obras que o governo dele que irrigaram o sertão e impulsionaram a agricultura. Foram projetos nada faraônicos e que atendiam exatamente quem precisava. O PT quer tomar o caminho oposto. Promete uma coisa gigantesca, que é a transposição do São Francisco, que não caminha e só serve para agradar empreiteiras. Enquanto isso, a população sofre”, disse.

 (Reportagem: Djan Moreno com informações do Site do PSDB/ Áudio: Elyvio Blower)