“Toma lá, dá cá” de novo!


Liberação bilionária de emendas será insuficiente para acalmar base aliada, avalia vice-líder tucano

Autorizada pela presidente Dilma Rousseff com o objetivo de acalmar a base aliada, a liberação bilionária de emendas parlamentares não surtirá efeito. Essa é a avaliação do deputado Raimundo Gomes de Matos (CE), vice-líder do PSDB na Câmara. A petista determinou nessa terça-feira (31) que os ministérios autorizem um total de R$ 6 bilhões em emendas até o fim do ano. Os recursos seriam divididos em três lotes numa tentativa de impedir uma nova rebelião no Congresso durante a votação de matérias polêmicas a partir da próxima semana, quando as votações serão retomadas. Para o tucano, o Planalto recorre ao “toma lá, dá cá”, o que fragiliza as relações entre Legislativo e Executivo.

O parlamentar destacou que as emendas parlamentares são destinadas a projetos voltados para a população e não deveriam ser utilizadas como moeda de troca. “Esse mecanismo adotado pela presidente Dilma com certeza será ineficaz. O que precisamos é cumprir os preceitos constitucionais e a liberdade de funcionamento dos poderes, e não ficar com o ‘toma lá, dá cá’, com o ‘é dando que se recebe’. Isso vai fragilizar cada vez mais as relações entre o Legislativo e o Executivo”, avisou nesta quarta-feira (31).

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Enquanto esteve com popularidade em alta, a petista foi muito criticada por "aliados" por menosprezar as lideranças políticas no Congresso. Além disso, a articulação política do Planalto no Congresso sofre muita resistência dos parlamentares que compõem a "base". Agora, com a instalação da crise, Dilma tenta "agradar" deputados e senadores com a liberação das emendas. 

Na pauta de votações do Congresso estão matérias polêmicas como a proposta do orçamento impositivo, que tornaria obrigatória a execução das emendas parlamentares, um movimento liderado pelo PMDB e que enfrenta resistência do Planalto; o projeto que determina a análise dos vetos presidenciais em até 30 dias após serem protocolados no Congresso, os royalties do petróleo para educação e a MP do programa Mais Médicos.

Gomes de Matos considera que a relação do Palácio do Planalto com os aliados está deteriorada e não é a liberação de dinheiro das emendas parlamentares que poderá acalmar os ânimos dos governistas. "Considero muito difícil que a liberação de emendas mude a posição, o discurso e o voto do deputado”, resumiu o tucano. “Se o Congresso quer demonstrar altivez, tem que ter toda a liberdade e a autonomia para legislar e para analisar os vetos", apontou.

Líder do PT ameaça aliados
A crise entre os partidos que deveriam dar sustentação ao governo Dilma ficou evidente durante a votação do projeto de lei que destina os royalties do petróleo à educação e à saúde, no último dia 10 de julho. O racha dos partidos “aliados” ao Planalto impôs uma derrota para a base governista. Na ocasião, o líder do PT na Câmara, José Guimarães (CE), admitiu a derrota, disse que a base aliada precisaria ser rediscutida e ameaçou os aliados. “Quero discutir quem é base e quem não é, quem tem cargo no governo e quem não tem”, afirmou.

Gomes de Matos disse que a declaração do líder petista foi lamentável. Para o deputado, a insatisfação dos aliados nas últimas votações do semestre deve se repetir. “Não há fidelidade dos partidos que compõem a base de apoio a presidente Dilma porque a petista está no caminho errado. Por isso estão votando de forma contrária à orientação do Planalto”, concluiu.

(Reportagem: Alessandra Galvão/ Foto: / Áudio: Elyvio Blower)

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31 julho, 2013 Últimas notícias Sem commentários »

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