Deficiências em setores básicos

As manifestações populares que tomaram conta do país no último mês são o resultado da insatisfação generalizada da sociedade, na avaliação do deputado Bonifácio de Andrada (MG). O tucano avalia que, no geral, a população brasileira sente as deficiências de setores básicos como saúde, educação, segurança e transportes. Aliado a isso, problemas no campo, como conflitos entre indígenas e produtores de terra, eclodiram em protestos pelas ruas. As “soluções” apresentadas pelo Planalto não atendem, segundo o deputado, as expectativas dos cidadãos.

 “Essas manifestações são muito peculiares porque são bem diferentes daquelas ocorridas em outros momentos, nos quais havia um foco e um propósito muito específico. Hoje o que há é uma insatisfação generalizada contra o governo da presidente Dilma e também contra as instituições públicas de modo geral, pois o povo vê que elas não estão correspondendo aos seus anseios na resolução dos problemas nacionais”, avalia.

Bonifácio acredita ser necessário encontrar respostas práticas para atender as demandas sociais, os problemas do dia a dia. Como destaca, a população reclama porque o SUS fracassou, o sistema educacional não tem a atenção necessária, os impostos elevados dificultam o trabalho das empresas e impede que elas ofereçam melhores condições aos funcionários.

A precariedade do sistema de transporte e o aumento no preço das passagens em várias cidades foi a gota d’água para que as manifestações começassem, na avaliação do deputado. Caso, a sociedade não veja suas necessidades atendidas, o tucano afirma que uma grave crise irá afetar o Planalto.

Plebiscito e reforma política não correspondem aos anseios sociais

A resposta apresentada pelo governo federal para os problemas ecoados nas ruas por milhões de brasileiros está longe de atender as reivindicações do povo brasileiro. A ideia de fazer um plebiscito sobre a reforma política representou o escape de uma presidente que se vê perdida e sem saída, na avaliação de Bonifácio de Andrada. De tão absurda, a ideia sequer poderá ser levada adiante. Nessa quinta-feira (4), o governo desistiu de tentar aprovar no Congresso uma legislação a tempo de vigorar nas eleições de 2014, por finalmente entender que não há tempo hábil para isso.

O deputado ressalta que o povo está reclamando por medidas concretas de ordem governamental, e não por reforma de legislação eleitoral com plebiscito ou mudança na lei dos partidos. “A resposta dada pelo governo da presidente Dilma para os protestos me parece no mínimo sem sentido. O povo quer a solução dos problemas. Ninguém está se importando com plebiscito”, disse.

Para o tucano, o Executivo vive momentos de indecisão e descontrole por não compreender as exigências populares. “Preferem criar uma linguagem teórica quando o que se espera são ações administrativas”, destaca.

O Legislativo e o Judiciário também são alvos de protestos, mas, na avaliação do tucano, o que “contamina todos os poderes públicos são as deficiências do poder Executivo e de uma Presidência da República que não resolve problemas e nem consegue controlar situações”. Para o deputado, o sistema governamental brasileiro precisa de alterações. Em sua avaliação, o governo hoje funciona com muitos funcionários e nacos do Estado acabam sendo distribuídos a partidos e pessoas que, em momentos como o atual, não encontram soluções viáveis.

 “São tantos ministérios, absolutamente sem necessidade. Nenhum país do mundo tem essa quantidade de pastas. E há uma impossibilidade até técnica, pois se amplia demais a ação das decisões governamentais. Em outros países os problemas interministeriais envolvem dois, três ministros. Aqui o ministério é tão grande que chega quase ao mesmo número de senadores”, critica.

(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Renato Araújo/Ag. Câmara)