Máquina inchada

Governo federal precisa reduzir número de ministérios e cortar gastos, defendem deputados

A reunião da presidente Dilma Rousseff com os ministros nesta segunda-feira (1º) seria uma ótima oportunidade para a petista anunciar a redução dos 39 ministérios, na avaliação de deputados do PSDB. Os gastos do Executivo federal estão no foco dos protestos em todo o país. O governo possui 984.330 servidores, com custo anual de R$ 192,8 bilhões. O custeio de todas as pastas – sem considerar investimentos – é de R$ 611 bilhões. O número de pessoas com cargo comissionado bateu recorde: 22.417. Os tucanos criticam o gigantismo da máquina pública e os gastos excessivos da estrutura governamental.

O deputado Antonio Carlos Mendes Thame (SP) reprovou o inchaço da administração federal. “Se realmente a presidente da República pretende ouvir a voz das ruas, a primeira medida é diminuir o número de ministérios. O total gasto com esses ministérios é estupidamente alto. É um desperdício que não melhora a vida das pessoas em absolutamente nada”, disse. “Portanto, esse recurso está faltando na saúde, na educação, na segurança pública, no combate ao tráfico, na habitação, em setores fundamentais para melhorar a vida dos brasileiros”, completou.

Para o deputado Dudimar Paxiúba (PA), o número de pastas é absurdo. “A saída para demonstrar que o interesse do governo está sintonizado com o barulho das ruas seria reduzir o número de ministérios, mas esse governo não agirá dessa forma. O Brasil continuará sendo um gigante paquiderme que se arrasta lentamente e trava o desenvolvimento do país. É inadmissível essa gigantesca máquina administrativa que ninguém consegue operar”, avaliou.

Segundo o deputado Antonio Imbassahy (BA), a reunião ministerial é uma oportunidade para a população conhecer os 39 ministros. “Não tenho dúvidas de que a população não conhece sequer a metade deles, porque é muita gente, fazendo muito pouco. Seria razoável que a presidente aproveitasse esse momento ímpar para anunciar a redução no número de ministérios, uma estrutura tão inchada que sequer cabe na Esplanada”, destacou Imbassahy.

O parlamentar tucano ressaltou um estudo da Universidade de Cornell, nos Estados Unidos, destacando que entre mais de 170 países pesquisados, os que se mostraram mais bem administrados mantêm entre 19 e 22 ministérios.

Da tribuna, o deputado Izalci (DF) afirmou que a redução de ministérios seria uma resposta concreta do Executivo às manifestações. "O Planalto precisa levar essas manifestações mais a sério. A presidente tem que agir naquilo que é de sua competencia. O primeiro ato seria reduzir custos. A melhor forma de dar uma resposta a essas manifestações seria o corte de ministérios. São 39 ministérios, sem contar as empresas públicas e outras entidades de responsabilidade do governo. Aí sim seria uma resposta concreta", apontou. O tucano também cobrou maior fiscalização dos gastos públicos. 

Macroestrutura, microresultados – Apesar da enorme estrutura, dados sobre a execução orçamentária em áreas essenciais revelam baixos índices de investimento últimos dez anos da gestão do PT. De cada R$ 100 de investimento previsto e aprovado pelo Congresso para cada área, o governo só gastou R$ 39 na Saúde, R$ 49 em Saneamento, R$ 61 em Transportes e R$ 60,5 em Educação. O levantamento foi feito pela ONG Contas Abertas.

Para Mendes Thame, os números revelam a ineficiência da gestão petista para investir os recursos. “Não é questão de conseguir mais recursos, e sim de realmente destinar aquilo que já está previsto no orçamento. Nem isso o governo está conseguindo”, resumiu.

De acordo com Dudimar, a falta de competência para administrar essas áreas é comprovada pela insatisfação demonstrada nas ruas. “Definitivamente o PT tem demonstrado ser incompetente. A presidente Dilma não conseguiu resolver esses graves problemas e nem vai conseguir, pois ela já está na reta final do governo. Essa queda vertiginosa da avaliação nas pesquisas demonstra o grau de insatisfação da população”, concluiu.

Estrutura governamental grande e cara

39
É o número de ministérios do governo Dilma Rousseff.

984.330
É o número de servidores contratados para fazer as pastas funcionarem.

R$ 192,8 bilhões
É o custo anual com o gasto de pessoal dos ministérios.

R$ 611 bilhões
É o valor das despesas de custeio de todas as pastas do Executivo – sem considerar investimentos.

22.417
É o número de pessoas com cargos comissionados na administração direta, autarquias e fundações do Poder Executivo federal.  

(Reportagem: Alessandra Galvão/ Foto: José Cruz/ABr/ Áudio: Elyvio Blower)