Tentativa de blindagem
Base aliada se mobiliza na Câmara para impedir vinda de diretor da Anac, mas Senado fura bloqueio
Aliados ao Planalto se mobilizaram nesta quarta-feira (28) na Comissão de Turismo para impedir aprovação do requerimento do deputado Otavio Leite (RJ) que pede a vinda do diretor de Infraestrutura Aeroportuária da Anac, Rubens Carlos Vieira, para dar explicações sobre os fatos apurados na Operação Porto Seguro. Um dos presos na última sexta-feira, ele é irmão de Paulo Rodrigues Vieira, diretor de hidrologia afastado da Agência Nacional de Águas (ANA), e de Marcelo Rodrigues Vieira, da Anac, também detidos pela PF. No entanto, a blindagem governista foi furada no Senado.
Em votação simbólica, o pedido de Leite foi rejeitado por pequena maioria na Câmara. Diante do pedido de verificação de quórum e da respectiva votação nominal, legendas governistas entraram em obstrução e derrubaram a reunião. Diante disso, a apreciação do pedido acabou adiada para a próxima semana. Na terça-feira deputados do PSDB apresentaram uma série de requerimentos em diversas comissões da Câmara pedindo a presença de envolvidos no escândalo.
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“O nome de Rubens está ligado a uma rede mafiosa que se instalou próximo ao Planalto com poder político indiscutível para facilitar benesses. O governo obstruiu porque tem vergonha de se apresentar por completo nessa questão”, avaliou Otavio Leite. O tucano criticou a blindagem e disse que é fundamental a vinda do diretor da Anac ao Congresso para esclarecer o papel dele nessa rede.
Também integrante da comissão, o deputado Carlaile Pedrosa (MG) disse que o Brasil inteiro quer saber o que aconteceu. “Estão escondendo alguma coisa. Ficamos pensando por que blindar essas pessoas que estão buscando a corrupção dentro do governo”, apontou.
Já no Senado, a Comissão de Infraestrutura aprovado requerimento do líder tucano na Casa, Alvaro Dias (PR), convidando Rubens Vieira e o diretor-presidente da Anac, Marcelo Guaranys, para prestarem esclarecimentos no Congresso a respeito do escândalo de tráfico de influência e corrupção revelado pela operação da Polícia Federal.
Na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, foram acatados requerimentos do tucano para que sejam ouvidos o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e o advogado-geral da União, Luis Inácio Adams. Na Câmara, já está confirmada a vinda de Cardozo na próxima terça-feira em reunião conjunta das comissões de Fiscalização Financeira e Controle e de Segurança Pública.
O Planalto preparou uma operação para restringir a vinda ao Congresso de personagens centrais do episódio, como a ex-chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo Rosemary Nóvoa Noronha. “A maioria governista está blindando a vinda dos diretamente envolvidos na Operação Porto Seguro, e só permite a votação dos requerimentos de autoridades que já viriam ao Congresso”, criticou Alvaro.
A Operação Porto Seguro investigou o envolvimento de servidores do Executivo e de agências reguladoras em um esquema para obter pareceres técnicos fraudulentos que seriam vendidos a empresas interessadas.
(Da redação com informações da Liderança do PSDB no Senado/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Elyvio Blower)
Texto atualizado às 17h13
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