Cronologia da má gestão


Em março, Dilma abandona promessas de campanha e amarga crise na base aliada

Com apenas um ano e três meses de governo, Dilma Rousseff amargou uma precoce crise política com sua base aliada na Câmara e no Senado. Capitaneada pelo PMDB, principal aliado do PT na atual gestão, a tensão provocou a paralisia nas votações de propostas importantes no Congresso. A pauta só andou quanto a petista viajou para bem longe do país. Neófita na política, a presidente demonstra dificuldades de relacionamento com os partidos, prejudicando o seu próprio governo e o país. Em março foram dadas outras provas de incompetência da gestão petista, como o abandono de promessas de campanha, a divulgação do crescimento pífio do PIB em 2011, a lerdeza no andamento do Programa de Aceleração do Crescimento e a 12ª troca de ministro. Confira abaixo os principais fatos que marcaram o mês:

Tensão precoce com aliados: o mês foi marcado pela maior crise na base aliada, principalmente com o PMDB, crítico severo da hegemonia petista na Esplanada. Mais de 50 deputados do principal partido aliado ao governo petista chegaram a lançar um manifesto reclamando que o partido é alijado até mesmo na formulação das políticas públicas. Na quarta-feira (7), o Senado mandou um recado direto à presidente ao rejeitar a recondução de Bernardo Figueiredo à diretoria-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Irritada com a decisão, a petista destituiu os líderes do governo na Câmara e no Senado.

Votações paralisadas: na terceira semana do mês, a crise envolvendo a troca dos líderes do governo no Congresso provocou a paralisia na votação de projetos importantes na Câmara, como as alterações no Código Florestal e a Lei Geral da Copa. Neófita na política, Dilma mostra incompetência na gestão política de sua base e amarga a fadiga precoce na base de coalizão. No Senado, o PR anunciou que não apoiaria mais o Planalto.

Na semana seguinte, o clima de conflagração continuou paralisando as votações, a ponto de o líder do PT na Câmara atacar os aliados ao afirmar que a base não poderia colocar “a faca no pescoço” da presidente. Além disso, o Planalto sofre mais derrotas políticas com a aprovação de requerimentos apresentados pela oposição para que ministros venham à Câmara explicar problemas de suas pastas. A tensão na base só diminuiu após a viagem da presidente para o exterior. A petista levou a crise na bagagem. Sem ela no Planalto, os deputados aprovaram a Lei Geral da Copa e acertaram que o Código Florestal vai a voto em abril. No Senado, o Fundo de Previdência Complementar do Servidor Público foi acatado com Dilma a milhares de quilômetros do país.

“PIBinho” no primeiro ano de Dilma: a economia registrou queda brusca de desempenho em 2011 na comparação com o ano anterior. Dilma assumiu prometendo 5% de expansão da economia, mas seu primeiro ano de governo passou muito longe da meta: pífios 2,7%. Entre os fatores prejudiciais ao crescimento brasileiro está a fraqueza da indústria nacional. Apesar dos números, não se vê no horizonte nenhuma mudança estrutural que dê folego para um crescimento robusto e sustentado do PIB brasileiro nos próximos anos.

Só falatório de campanha: à medida que o governo avança, vão tombando pelo caminho promessas de campanha da então candidata Dilma Rousseff. A petista prometeu espalhar 2.883 unidades de polícia pacificadora pelo país. No entanto, a realidade é outra: nenhum centavo investido até hoje e o Planalto optou pelo caminho mais fácil: desistir das UPPs. Outro fiasco são as creches. 6 mil unidades seriam construídas ao longo do governo. No entanto, só 292 creches foram postas em funcionamento, sendo que nenhuma foi erguida pela gestão Dilma.Como se não bastasse o fracasso, o MEC tentou inflar os números, ao tentar vender a idéia de que tinha entregue 633 unidades.

Fifa critica atrasos nas obras da Copa: o Planalto e a Fifa trocaram farpas publicamente após a declaração de Jérôme Valcke, secretário-geral da entidade máxima do futebol mundial, de que o Brasil precisaria receber “um pontapé no traseiro” para acelerar os preparativos para o torneio. Nada diplomático, Marco Aurélio Garcia, assessor especial do Planalto, chamou o francês de vagabundo e boquirroto. Alheio à briga, o torcedor brasileiro assiste a um atraso em vários empreendimentos, assim como a falta de melhorias na infraestrutura de uma forma geral, como estradas e aeroportos.

Saúde pública mal avaliada: irresponsavelmente, o ex-presidente Lula afirmou durante seu governo que o SUS estava beirando à perfeição. Mas para o cidadão que realmente utiliza a rede pública de saúde, a realidade é bem diferente. Março começou com a divulgação de pesquisa do Ministério da Saúde mostrando que apenas 6,2% dos municípios do país têm atendimento de boa qualidade em hospitais conveniados ao sistema. Apesar dos grandes desafios, Dilma determinou em fevereiro corte de R$ 5,4 bilhões no orçamento da Saúde.

Petistas se rendem às privatizações: com mais de uma década de atraso, os petistas se renderam às privatizações. Neste ano, anunciaram com pompa a concessão de aeroportos à iniciativa privada. E no começo do mês, admitiram que o governo deverá passar boa parte da administração da malha hidroviária do país ao mercado. A mudança de rumos põe fim às ataques feitos pelos petista em sucessivas campanhas eleitorais.

“PACderme”: diante da lentidão de obras anunciadas em 2007 e até hoje não concluídas, o governo recorre a uma suposta “segunda fase” do PAC para tentar melhorar os resultados do programa. Resultados apresentados de maneira agregada até tentam dar verniz de bom andamento ao programa, que em 2011 teria executado 21% do previsto para os quatro anos da gestão Dilma. No entanto, o Planalto turbina os números usando financiamentos habitacionais e robustos orçamentos de estatais como a Petrobras. Do seu próprio orçamento, saíram apenas R$ 1 de cada R$ 10 aplicados no PAC ano passado. Uma comitiva de deputados da oposição liderada pelo tucano Bruno Araújo (PE) foi ao Ceará e viu de perto o abandono das obras de transposição do São Franciso, uma das mais importantes do programa (foto ao lado).

Ministério tem 12ª troca: por pura incompetência, Afonso Florence foi demitido do comando do Ministério do Desenvolvimento Agrário. É a décima segunda troca na gestão Dilma em pouco mais de um ano de governo, o que reflete a má formação da equipe que assumiu no começo de 2011. O petista deixou o cargo após amargar o pior desempenho da reforma agrária no país desde 1995, de acordo com números do Incra. Pouco mais de 22 mil famílias foram assentadas em todo Brasil no ano passado.

Indústria enfraquecida: março de 2012 também será lembrado pela divulgação de estatísticas que comprovam o enfraquecimento da indústria nacional. De acordo com reportagem da “Folha”, a participação do setor no Produto Interno Bruto (PIB) recuou ao patamar de 1956. A situação é tão delicada que trabalhadores e empresários se uniram para promover uma grande manifestação em 4 de abril. Diante do crescimento pífio de 2,7% do PIB em 2011, a indústria foi a área com o pior desempenho.

Pimentel investigado: Após representação entregue pelo PSDB em dezembro com base em denúncias do jornal “O Globo” contra o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, a Comissão de Ética Pública da Presidência decidiu pedir explicações do petista sobre seus ganhos milionários com consultorias entre 2009 e 2010.

Despreparo na exploração de petróleo: o vazamento de petróleo no litoral brasileiro está se tornando rotina e mostra mais uma vez o despreparo do Brasil para se tornar um superprodutor petrolífero após a descoberta da camada pré-sal. Aqui, mais uma vez, o discurso ufanista do governo não encontra respaldo no mundo real. De acordo com especialistas, apesar dos casos recorrentes órgãos como a Agência Nacional do Petróleo e o Ibama não estão agindo para repensar a frágil estratégia de prevenção de acidentes em alto mar.

(Da redação/ Fotos: Alexssandro Loyola e fác-simile Folha de S. Paulo)

Compartilhe:
2 abril, 2012 Últimas notícias Sem commentários »

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *