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No ranking do crescimento, Brasil foi de cisne a patinho feio em apenas nove meses

Desde o estouro da crise de 2008/2009, a economia brasileira não tinha um desempenho tão negativo quanto o observado no terceiro trimestre. “O Brasil foi de cisne a patinho feio num átimo”, resume o Instituto Teotônio Vilela em sua Carta de Mobilização Política desta quarta-feira (7).  Como lembra o ITV, no início de 2011 figurávamos nas listas das economias que lideravam o crescimento mundial. No entanto, agora voltamos à rabeira dos rankings. “O país está pagando a conta pelo desarranjo nas contas do governo decorrente da farra de gastos para eleger Dilma Rousseff em 2010”, critica o órgão de estudos políticos do PSDB. Confira a íntegra:

Desde o estouro da crise de 2008/2009, a economia brasileira não tinha um desempenho tão negativo quanto o observado no terceiro trimestre. Pesou no resultado a influência da freada europeia, mas é ainda mais certo que as medidas tomadas pelo governo petista para segurar a escalada inflacionária no primeiro semestre foram fundamentais para a estagnação generalizada do PIB e o crescimento zero de agora.

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Alguns componentes das contas nacionais ilustram o tamanho do retrocesso que o país ora atravessa. Motor do crescimento do PIB ao longo dos últimos anos, o consumo das famílias exibiu queda inédita desde o último trimestre de 2008, auge da crise mundial. O recuo foi de 0,1% sobre o segundo trimestre. Também caíram gastos do governo (-0,7%) e investimentos (-0,2%, sempre em relação ao trimestre anterior).

Ou seja, todos os chamados componentes da demanda recuaram com a ducha de água fria que a administração Dilma Rousseff jogou na economia no início do ano. Foi a primeira vez desde a crise de 2008 que ocorreu uma queda em bloco. Vale destacar que, na comparação anual, os investimentos avançavam a uma velocidade de 25% no início de 2010; agora, estão em 2,5%.

Caíram especialmente os investimentos públicos, sacrificados em nome da meta de superávit primário deste ano. “Os investimentos ficaram bem abaixo dos 3,13% do PIB de 2010. Devem encerrar o exercício na casa dos 2,7% do PIB (empresas estatais e governo federal), abaixo também dos 2,86% do PIB de 2009”, sintetiza o Valor Econômico.

Do lado da oferta, a indústria teve o pior desempenho, com queda de 0,9%, puxada pelo segmento de transformação. Hoje, a atividade industrial encontra-se no mesmo patamar em que estava em setembro de 2008. Ou seja, já são três anos de paralisia. Serviços também caíram (-0,3%) e só a agropecuária se salvou, com alta de 3,2%.

O Brasil foi de cisne a patinho feio em apenas nove meses. No início de 2011, figurávamos nas listas das economias que lideravam o crescimento mundial. Agora, voltamos à rabeira dos rankings, mais ou menos como aconteceu ao longo de boa parte da gestão Lula, quando o país aproveitou apenas uma parte do vento de cauda que embalou a expansão global.

Entre os Brics, o desempenho brasileiro foi o pior do trimestre passado, mostra O Estado de S.Paulo. Alguns exemplos, tomando por base a comparação entre os resultados de julho a setembro com os de igual período do ano passado: China, 9,1%; Índia, 6,9%; Rússia, 4,8%; África do Sul, 3,1%. Nesta base, o crescimento brasileiro foi de 2,1%.

Num conjunto mais amplo, constituído por 27 países da OCDE, o Brasil só ganha de Holanda (-0,3%), Portugal (-0,4%) e Dinamarca (-0,8%), quando se coteja o desempenho do terceiro com o do segundo trimestre. Nosso crescimento zero nesta base de comparação foi tão baixo quanto o da combalida Espanha, mostrou o G1. Na média, a depauperada Europa, com 0,2% positivo no período, também ganhou de nós.

O comércio exterior destoou positivamente e evitou um resultado ainda mais desfavorável do PIB. Sem o crescimento de 1,8% nas exportações e a queda de 0,4% nas importações de bens e serviços entre julho e setembro, o resultado global teria sido negativo, abrindo a possibilidade de uma recessão – determinada pela sucessão de dois trimestres consecutivos no vermelho – já neste fim de ano. Ah, a mandioca também ajudou…

Ontem, até mesmo o Ministério da Fazenda aposentou seu discurso róseo e passou a falar em projeções mais realistas para a economia brasileira doravante. Guido Mantega admitiu que os 3,8% da previsão oficial para 2011 viraram pó. Pelo que ele disse, se chegarmos a 3,2%, estaremos no lucro. Mesmo assim, parece irrealista.

Para fechar 2011 neste patamar, o PIB teria de crescer 1,5% no quarto trimestre, “um ritmo forte, correspondente a pouco mais de 6% ao ano”, compara a Folha de S.Paulo em editorial. “Em 2012, para crescer 5%, como anuncia o ministro da Fazenda, o PIB teria de atravessar o ano a um ritmo quase chinês”. A média das análises de mercado dá conta de que 3% é o limite para este ano; em 2012 pode ser um pouquinho mais.

É certo que estamos pagando agora a conta pelo desarranjo nas contas do governo decorrente da farra de gastos para eleger Dilma em 2010. O freio de arrumação do início do ano veio tentar enxugar o excesso de dinheiro com o qual a gestão petista irrigou a economia para pavimentar o caminho para a eleição da pupila de Lula.

As consequências vieram na forma do descontrole inflacionário com o qual o país flertou durante boa parte deste ano e do qual ainda não está de todo livre. Para brecá-lo, foram aplicadas doses cavalares de seguidas altas (cinco, até a taxa atingir 12,5% ao ano em julho) dos juros básicos, que agora mostraram com cores fortes como foram capazes de nocautear toda a economia.

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7 dezembro, 2011 Últimas notícias Sem commentários »

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