Educação não é priorizada
Queda na qualidade do ensino comprova incompetência do governo, avaliam tucanos
A queda da qualidade do ensino brasileiro mostra o desprezo do governo federal pela educação, avaliam os deputados Bonifácio de Andrada (MG) e Alberto Mourão (SP). Os tucanos se referem ao artigo da revista “Veja”. Segundo a publicação, o orçamento do Ministério da Educação passou de R$ 19 bilhões para R$ 69 bilhões, mas a capacitação da área não cresceu na mesma proporção.
Para Andrada, a administração do ministro Fernando Haddad está deteriorada e cheia de irregularidades. “É uma gestão fraca porque, apesar da elevada verba à disposição do MEC, são poucas as providências em favor do ensino”, destaca. “O país continua sendo um dos mais atrasados do mundo quando o assunto é alfabetização.”
baixe aquiA consequência, segundo o deputado, é desastrosa. “O governo deixa de cuidar das camadas mais profundas da população que continuam não sendo alfabetizadas. Ele também não tem desenvolvido o ensino médio, nem tampouco incentivado as atividades do setor”, disse. “É um quadro depreciável para o avanço da cultura e da educação.”
Mourão defende um planejamento mais aprofundado. “A União centraliza verbas e fala que muito dinheiro foi aplicado nos municípios e estados, mas a realidade é outra”, critica. “Precisamos priorizar a reestruturação do ensino com seriedade, com menos discurso e mais ação”, acrescentou.
O tucano exige que Haddad estabeleça metas para mudar a situação. O caminho, na visão do parlamentar, é adotar uma postura gerencial e definir diretrizes claras.
A falta de prioridade está na pauta de discussão dos profissionais do segmento. No fim de outubro, professores protestaram na Esplanada por um ensino digno e para reivindicar a implantação efetiva do piso salarial do magistério em todo o país, durante a 5ª Marcha Nacional em defesa da Educação Pública de Qualidade, que este ano tem como tema – 10 mil pelos 10% do PIB.
Gestão ineficiente
→ O programa merenda escolar passou de R$ 1,5 bilhão em 2006 para R$ 3,2 bilhões em 2011. O gasto dobrou, mas o número de alunos atendidos aumentou apenas 25% no mesmo período.
→ O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é outra prova do fracasso da área. Neste ano, o Centro de Seleção e Promoção de Eventos (Cespe), vinculado à Universidade de Brasília (UNB), foi contratado sem licitação e cobrou R$ 372,5 milhões para realizar o certame. O valor é três vezes superior ao que foi pago pelo Ministério da Educação no último exame, R$ 128,5 milhões. Além disso, a prova de 639 estudantes do colégio Christus, de Fortaleza (CE), que foi cancelada porque o simulado utilizado na unidade, feito duas semanas antes do Enem, continha questões idênticas aos testes aplicados no dia 23 de outubro para 5,4 milhões de aluno do Brasil.
(Reportagem: Laize Andrade / Foto: Marcello Casal Jr. /Agência Brasil / Áudio: Elyvio Blower)
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