Saúde


Por iniciativa de Caio Narcio, Câmara debate estratégias de prevenção e combate ao câncer

Caio se emocionou ao lembrar as mortes da mãe e do avô em virtude da doença.

O parlamentar do PSDB se emocionou ao lembrar as mortes da mãe, anos 49 anos, e do avô em virtude da doença.

A pedido do deputado Caio Narcio (MG), o Plenário da Câmara foi transformado em comissão geral, nesta terça-feira (6), para debater o tema “Os Desafios do Câncer, Tratamento, Enfrentamento e Medicamentos”. Somente no biênio 2016-2017, 600 mil novos casos de câncer devem ser notificados no Brasil, de acordo com estimativa do Inca. Apenas em 2013, 190 mil pessoas perderam a vida em virtude da doença. 

O tucano ressaltou a responsabilidade, como parlamentar, de atuar no combate a um mal que aflige milhares de famílias. “Espero que o resultado deste debate nos dê a oportunidade de refletir sobre os desafios e avanços que temos para amenizar o sofrimento dos pacientes, pois sabemos que o tratamento do câncer é relativamente proporcional ao adiantamento do diagnóstico: quanto antes ocorrer, maior é a chance de superação”, ponderou.

De acordo com Caio, é possível vislumbrar soluções conjuntas para os gargalos que o Brasil enfrenta no tratamento e prevenção. “E dessa maneira, virar a página da ‘doença do milênio’. Que esta discussão possa nos ajudar a enfrentar esse desafio de maneira conjunta”, completou.

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ATUAÇÃO EM REDE

Emocionado, o jovem parlamentar do PSDB relatou a perda da mãe e do avô para a doença e afirmou que, da mesma forma, o Brasil e o mundo estão perdendo milhares de pessoas para este desafio que é de todos. Também lembrou a visita que fez recentemente a uma instituição que acolhe crianças acometidas pela doença

Para ele, uma das saídas passa pela política.  “Cada vez que nós fazemos uma peça orçamentária e conseguimos, de alguma maneira, canalizar mais recursos para essa área, não são estatísticas de mais atendimento que nós estamos fazendo – são vidas que estamos ajudando a salvar e sofrimento que estamos evitando acontecer”, alertou.

O deputado falou da necessidade de união em torno da causa, como ocorreu durante a votação que liberou o uso da fosfoetanolamina, a chamada “pílula do câncer”. Além de defender mais recursos, Caio alertou para a necessidade de gestão eficiente, pois quando o dinheiro é gasto de maneira equivocada, vidas são perdidas.  Ele defendeu ainda o estabelecimento de uma rede que interligue as instituições para que possam trocar experiências, dialogar entre si com soluções e propagar bons exemplos.  “É importante que nós possamos tratar em rede esse desafio do enfrentamento, levando os diagnósticos precoces aos grotões de todo o Brasil, porque, a partir do diagnóstico, nós podemos então levar ao tratamento”, alertou.

PESQUISA E INOVAÇÃO

O deputado Izalci (DF) chamou atenção para a necessidade de investimentos em pesquisa e inovação, o que pode resultar em medicamentos e tratamentos cada vez mais eficazes. Segundo ele, no Brasil, não faltam recursos, mas sim vontade política, prioridade e regularidade, ou seja, em um ano há verbas para a área e em outro não. “Mas a pesquisa não pode parar na metade do caminho”, destacou, ao convocar os parlamentares a lutarem por mais orçamento, pelo fim do contingenciamento dos recursos de ciência e tecnologia e por mais investimento em pesquisa.

Segundo o deputado Pedro Cunha Lima (PB), o combate ao câncer é uma causa que deve unir a todos.  O tucano afirmou que algumas questões precisam ser sanadas para que se tenha agilidade nos diagnósticos e tratamentos, como o fato de os recursos muitas vezes serem repassados pelo governo federal, mas não haver celeridade na aplicação por parte dos hospitais. “O recurso existente precisa chegar ao lugar de destino”, defendeu.

“Também temos que cuidar da questão do teto, pois muitos hospitais extrapolam com outros procedimentos, necessitando ir atrás de recurso para de alguma maneira suprir essa brecha”, alertou. O tucano criticou a sinalização do Governo da Paraíba de que poderá reduzir os recursos para a Fundação Assistencial da Paraíba (FAP).

CONVIDADOS

Tiago Farina Matos, do Instituto Oncoguia, destacou que o país ainda precisa avançar na prevenção, como por exemplo, com ações de combate ao tabagismo, um dos principais fatores de risco para o câncer. Ele apontou ainda que o Brasil ainda tem o grave problema de diagnóstico tardio: mais de 60% dos casos são diagnosticados em estágio avançado, já que as filas de espera para realizar exames fundamentais são enormes e falta transparência. Outro ponto levantado foi a necessidade de avanço na saúde suplementar, já que o rol de cobertura dos planos de saúde é revisado a cada dois anos, período no qual novas tecnologias e procedimentos podem surgir e o paciente não pode esperar para que haja inclusão no seu plano.

O diretor-presidente da Fundação Hospital Lauriano em João Pessoa, Antônio Carneiro Arnaud, afirmou que o câncer é a doença que mais cresce e que poderá chegar a 22 milhões de diagnósticos em 2030, pelas estimativas da Agência Internacional para Pesquisa em Câncer — IARC.  Como 80% dos pacientes brasileiros se tratam pelo SUS,  ele defendeu que Ministério da Saúde se una às Secretarias de Saúde estaduais e municipais unam forças.

Vice-Presidente da Associação de Câncer de Boca e Garganta (ACBG), Melissa Amaral Ribeiro de Medeiros relatou parte de seu drama. Aos 45 anos e enfrentando o câncer de laringe há cinco, ela, que é ex-fumante, perdeu a voz e hoje consegue falar usando uma prótese traqueoesofágica. Ela lamentou que, no Brasil, pacientes como ela não tenham acesso ao aparelho ou a uma terapia fonoaudiológica para voltar a falar.

O diretor da Fundação Cristiano Varella — Hospital do Câncer de Muriaé, Sérgio Dias Henrique, lembrou que o câncer já é a segunda causa de morte no Brasil, atrás apenas das doenças cardiovasculares. Ele lamentou que os pacientes ainda tenham que enfrentar filas intermitentes e por isso o diagnóstico seja na maioria das vezes tardio. 

O ministro da Saúde, Ricardo Barros, disse que todos os esforços estão sendo empreendidos no sentido de informatizar o sistema e para que a Lei dos 60 Dias seja cumprida. Ou seja, para que em até dois meses seja iniciado o tratamento de alguém diagnosticado com câncer.

Entre as prioridades, Barros citou o avanço na compra regional de medicamentos, aumento do acesso; revisão e ampliação dos protocolos; fomento a pesquisas; apoio à especialização da Justiça; preferência às habilitações de novos serviços para que o equipamento fique mais próximo das pessoas; avanço nas políticas de prevenção, em especial no combate ao sedentarismo e ao tabagismo; fortalecimento da atenção básica, para que seja mais resolutiva e permita o diagnóstico; agilização da operação com os aparelhos de radioterapia obtidos por meio de licitação centralizada; além da adoção de prontuário eletrônico.

Segundo ele, vários equipamentos estão sendo ofertados no SUS, várias novas tecnologias têm sido incorporadas com frequência, ampliando a oferta de medicamentos e está em negociação uma compra conjunta com o Mercosul para aumentar o volume e reduzir o custo.

(Reportagem: Djan Moreno/foto: Alexssandro Loyola/Áudio: Hélio Ricardo)

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6 junho, 2017 Últimas notícias Sem commentários »

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