Combater as drogas e seus efeitos deletérios é dever do Estado, por Rogério Marinho


A esquerda brasileira é hábil em usar sofrimentos e infortúnios como bandeiras políticas com o pretexto da defesa de direitos de minorias. Com maestria cooptam agrupamentos de interesses em função de seus objetivos políticos e eleitoreiros. Em muitos casos, inventam e distorcem situações, invertendo e corrompendo a realidade. Como estratégia institucional, transformaram essas demandas, impregnadas por ideologias, em organizações sociais e não governamentais de propaganda política. Aplicando a receita do gramscismo, conseguiram montar sólida estrutura de braços orgânicos em defesa de suas mitologias.

Ao longo de mais de uma década, promoveram a divisão da sociedade em facções de interesses tendentes ao conflito. Ou seja, transformaram problemas de minorias em plataformas partidárias a serem seguidas por revolucionários na tarefa de protestar por todos os meios. Revelando um jeito de fazer política antiético, apregoam como verdadeiras receitas fincadas em valores incompatíveis com a cultura da maioria absoluta do povo brasileiro.

O caso da Cracolândia é sintoma claro desse cinismo político. Se a caridade cristã move-nos a querer construir oportunidades e a ajudar pessoas na condução de uma vida melhor; a esquerda prega o direito da pessoa sequestrada pelas drogas e traficantes de serem marginais e poderem destruir sua vida, de seus familiares e agredir a sociedade com suas práticas. Livres para consumir, eles estarão caminhando à morte certa e indigna. O mandamento de amar o próximo como a si mesmo impele o Estado e a sociedade a tentar ajudar às vítimas e reestabelecer a normalidade na região central da cidade.

Enquanto setores defenderam a permanência do território sem lei, de um enclave de drogas em que o crime livremente estabelece regras e define o convívio, o prefeito de São Paulo, João Doria, em parceria com o Governo do Estado, liderou retirada de traficantes e dependentes do centro de São Paulo. Ele cumpriu sua missão de trabalhar para o conjunto da população e não preservar guetos de traficantes e criminosos de todas as matizes. Na operação, foram presos 53 traficantes e 20 mandados de prisão expedidos. Por mais de 20 anos, a Cracolândia foi uma das maiores feiras de drogas do planeta. Um acinte às famílias que perderam seus filhos e membros para o crack nas ruas.

Estão sendo dadas oportunidades aos doentes: eles podem procurar socorro nas redes de atendimento; as famílias podem solicitar a internação e, em último caso e autorizada pela Justiça, podem contar com a internação compulsória avaliada por uma equipe multidisciplinar. Essa é a verdadeira defesa dos direitos humanos. Para essas pessoas, o direito à sobriedade e à vida são as pontes para o renascimento. Mas, setores interessados na continuidade do caos apelam para o conceito abstrato do direito a se drogar, para a glamorização da criminalidade e para as velhas e conhecidas justificativas dos atos criminosos. Prestam um imenso desserviço às famílias e incitam o crime em um país já tomado pela violência urbana.

O segundo Levantamento Nacional de Álcool e Drogas: O Uso da Cocaína e Crack no Brasil, publicado pela Escola Paulista de Medicina (Unifesp), pelo Instituto Nacional de Ciências e Tecnologia para Políticas Públicas do Álcool e Outras Drogas (INPAD) e Unidade de Pesquisas em Álcool e Drogas (UNIAD), divulgado em 2012, mostrou que o consumo de cocaína e crack diminui na maioria dos países do mundo, mas cresce no Brasil. Hoje, os viciados do país representariam 20% do consumo mundial de cocaína e derivados.

O nosso país é o segundo maior consumidor de cocaína do mundo e o maior mercado de crack. Segundo o estudo, 4% da população adulta e 3% dos adolescentes já experimentaram alguma vez cocaína na vida; 2% da população adulta e 2% dos adolescentes usaram cocaína no último ano pesquisado: são 2,6 milhões de adultos e 244 mil adolescentes. O crack e o oxi já foram usados pelo menos uma vez por 2,6 milhões de adultos e 150 mil adolescentes. Quase a metade dos usuários experimentou cocaína pela primeira vez antes dos 18 anos de idade.

Na operação, nada foi ou será mais importante que oferecer ajuda médica e humanitária aos doentes da Cracolândia. Não há dúvidas de que a maioria da população apoia iniciativas para salvar cidadãos das mãos de traficantes e das drogas. Qualquer tergiversação no caso é apoiar a continuação da cultura da droga e da impunidade que tem afetado negativamente a vida de milhões de brasileiros e suas famílias.

(*) Rogério Marinho é deputado federal pelo PSDB-RN. Artigo publicado no “Novo Jornal”. (foto: Alexssandro Loyola)

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5 junho, 2017 Artigosblog Sem commentários »

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