Década perdida, por Rogério Marinho


O PT governou o Brasil por 13 anos e não foi capaz de alavancar a qualidade do ensino. Figuramos entre os piores do mundo em desempenho escolar! Temos severas dificuldades em alfabetizar crianças: segundo o MEC, 89% dos alunos de 3º ano do ensino fundamental não foram alfabetizados adequadamente. Em educação, a única conclusão plausível, baseada em dados, é de que tivemos uma década perdida.

A herança maldita motivou o atual governo propor a reforma do ensino médio, com ênfase na flexibilização e no fomento ao ensino técnico. Os elementos da reforma são reivindicações de mais de duas décadas. Não há um estudioso sério e bem-intencionado que não enxergue a necessidade de reformar o ensino secundário.

De todas as etapas educacionais, o ensino médio é o mais fraco. Segundo a Prova Brasil, avaliação institucional do MEC, houve involução no desempenho de nossos secundaristas. O PISA, avaliação internacional promovida pela OCDE, constatou que nossos estudantes de 15 anos sofrem com deficiências básicas em leitura, matemática e ciências. O PT deve desculpas aos brasileiros por tanta incompetência e descaso.

Entretanto, eles se esforçam em travar a reforma e criam confusões de toda ordem. Pior, utilizaram estudantes como massa de manobra para promoção de seus interesses políticos e partidários. Chegaram ao cúmulo de promover invasões e depredações de escolas em todo país. Sem nenhuma dor na consciência, fomentaram espetáculos grosseiros e desrespeitaram os que queriam estudar. De fato, cercearam o direito constitucional dos estudantes à educação. Provaram ter como único interesse doutrinar, e manipular nossa juventude para preservar hegemonia de pensamento distorcendo a realidade.

As invasões, tratadas irresponsavelmente como ocupações, prejudicaram ano letivo e geraram gastos desnecessários com aplicação duplicada do Enem. Para eles pouco importa, pois quem pagou a conta das invasões foi o trabalhador.

Fingem defender trabalhadores com uma retórica atrasada e bolorenta, mas nada fizeram de concreto para elevar o nível de aprendizagem dos estudantes. O investimento público em educação triplicou e a qualidade não se moveu. Há maior incompetência? Forem eles que propagaram a falsa ideia de que o grave problema educacional do país seria resolvido com mais dinheiro. Tentaram aplicar uma solução simplista para um problema complexo. O resultado foi um retumbante fracasso.

A reforma do ensino médio é o primeiro passo para colocar nos trilhos o ensino nacional. Quem defende a educação não pode ficar contra uma reforma óbvia e necessária. Entretanto, muito mais é preciso ser feito. Eis algumas medidas que serão imprescindíveis: mudar a formação dos professores, substituir métodos de alfabetização anticientíficos hoje vigentes, retomar a disciplina em sala de aula, instituir a lei da Escola sem Partido, melhorar a gestão dos sistemas, apoiar municípios mais frágeis economicamente, valorizar o trabalho do magistério, dentre outras medidas urgentes.

A educação é tema vital para a nação. Na Política, livro VIII, capítulo I, o grande filósofo Aristóteles, nascido em 384 e falecido em 322 a.C, nos revela: “Ninguém contestará que a educação dos jovens requer uma atenção especial do legislador, pois a negligência das cidades a este respeito é nociva aos respectivos governos; a educação deve ser adequada a cada forma de governo, porquanto o caráter específico de cada constituição a resguarda e mesmo lhe dá bases firmes desde o princípio – por exemplo, o caráter democrático cria a democracia e o caráter oligárquico a oligarquia, e o melhor caráter sempre origina uma constituição melhor”. Vamos cumprir a Constituição e preservar a pluralidade, basta de ideologia no ensino, escola é lugar de estudar e aprender e não de palanque político.

(*) Rogério Marinho é deputado federal pelo PSDB-RN. Artigo publicado no “Novo Jornal”. (foto: Alexssandro Loyola)

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20 fevereiro, 2017 Artigosblog Sem commentários »

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