Em defesa da ética


Em ação suprapartidária, deputados anunciam medidas pelo afastamento de Cunha da presidência

22658808353_d54417d208_kO líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP), anunciou, ao lado de outros cinco partidos, uma série de medidas em defesa do afastamento do presidente da Casa, Eduardo Cunha. PSDB, DEM, PSOL, PSB, Rede e PPS têm reunião marcada nesta quarta-feira (25), às 18h, com o Procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Além de entrar com uma representação, eles pretendem obstruir as votações em plenário e deixar de participar das reuniões de líderes.

Os partidos entraram em consenso pelo afastamento do pemedebista após entrevista ao “Jornal da Globo” exibida no último dia 6. Cunha admitiu que chegou a acumular um patrimônio no exterior não declarado ao Banco Central e à Receita Federal, mas alegou que tudo foi fruto de transações licitas de comércio internacional e aplicações em bolsas estrangeiras. Alegou que a experiência com exportação começou na década de 1980, quando ele diz que passou a vender produtos brasileiros na África.

Play

A entrevista foi classificada como “desastrosa” por Sampaio. “Ele mostrou sua face. A face de quem não mede as consequências quando está em jogo sua defesa pessoal”, disse o líder. Desde então, deputados do PSDB têm reforçado a necessidade do afastamento de Cunha. No dia 11, a bancada tucana promoveu entrevista coletiva reiterando o pedido.

Na avaliação do líder tucano, o comportamento de Cunha é mesquinho e não combina com o decoro exigido pela Casa. “Não é de um presidente com essa estatura moral que precisamos. Precisamos de alguém que defenda a Casa e os interesses da população brasileira”, completou.

Sampaio destacou discurso da deputada Mara Gabrilli (SP) na última semana que comoveu o plenário. “Chega, senhor presidente. O senhor não consegue mais presidir. Levanta dessa cadeira, Eduardo Cunha!”, declarou a tucana, que convocou os deputados a deixarem a sessão. Outra iniciativa foi emenda apresentada pelo deputado Bruno Covas (SP) vedando que a repatriação de dinheiro no exterior atingisse bens de políticos, particularmente aqueles envolvidos na Operação Lava Jato.

“A tendência é cada vez mais termos movimentos que se somem aos anteriores. Só que não mais um movimento das oposições. Eu diria que esse aqui é um movimento de todos aqueles que estão indignados com a postura do presidente da Casa. Portanto, um movimento suprapartidário”, completou Sampaio.

OBSTRUÇÃO NO PLENÁRIO
A estratégia de obstrução começou já na primeira votação do dia, durante a análise da Medida Provisória 691/15, que autoriza a União a vender imóveis de sua propriedade, incluindo os terrenos de marinha situados em área urbana de municípios com mais de 100 mil habitantes.

O deputado Daniel Coelho (PE) justificou a decisão. “O PSDB reitera a sua posição para o bem da democracia, para o bem desta Casa da necessidade de o Presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha, se afastar da Presidência para que possa fazer sua defesa no Conselho de Ética”, disse.

Para Betinho Gomes (PE), não é possível fazer de conta que nada aconteceu. “Quero manifestar inquietação com o que acontece na Casa. Enquanto não tivermos a garantia de que o processo do Conselho de Ética possa seguir dentro da legalidade, respeitando as regras, vamos manter essa posição”, detalhou.

É preciso garantir um processo de investigação isento, sem manipulação dos fatos, completou Domingos Sávio (MG). “O presidente, que está sendo investigado, demonstrou de maneira clara a intenção de interferir, usando a autoridade da Presidência da Casa, que deve ser uma autoridade usada em benefício do país”, frisou.

(Da redação/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Hélio Ricardo)

Compartilhe:
24 novembro, 2015 Últimas notícias Sem commentários »

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *