Cura x burocracia

Lobbe Neto volta a defender uso da “pílula do câncer” e cobra agilidade na liberação

O deputado Lobbe Neto (SP) participou nesta terça-feira (24) da comissão geral que debateu a utilização da fosfoetanolamina sintética, conhecida como “pílula do câncer”. Barrada pela Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) após 20 anos de pesquisa, a substância ainda não passou pela fase das análises clínicas, em que é testada em pacientes com a doença. Mesmo sem a finalização, a fosfoetanolamina sintética é distribuída gratuitamente por seus criadores auxiliando o tratamento de pessoas com câncer.

Um dos grandes embates que envolvem a substância é que o Tribunal de Justiça de São Paulo determinou a suspensão da distribuição do produto, por não possuir eficácia comprovada cientificamente. “Então aqueles pacientes que já estavam utilizando o composto e queriam continuar utilizando têm que recorrer ao procurador da União ou a Justiça da União”, destacou. E questionou ainda os reais motivos da Anvisa dificultar a pesquisa.  

Lobbe destacou ser fundamental a liberação, já que muitos pacientes mostraram desempenho positivo com o uso do composto químico. “De debate em debate muitas vidas estão se perdendo, pessoas estão morrendo. De debate em debate muitas pessoas deixam de amenizar o sofrimento, suas dores. E deixam de ter uma esperança no futuro da ciência no Brasil”, alertou o congressista.

Em sua intervenção o parlamentar lamentou ainda a ausência dos criadores do medicamento e de outras pessoas que poderiam falar favoravelmente ao tratamento. “Infelizmente essa comissão geral foi quase inútil. Os pesquisadores que a gente realmente teria que ouvir e poderiam trazer informações corretas, não puderam estar presentes aqui”, criticou. De acordo com Lobbe, eles seriam os principais debatedores e auxiliariam no entendimento dos parlamentares da Casa.

Para o deputado, um dos principais problemas a serem enfrentados é a ausência do apoio governamental. De acordo com o congressista, o Ministério da Saúde montou uma comissão de estudos para analisar o produto da pesquisa. “Quem mais sabe sobre o produto do que os pesquisadores? E eles não foram convidados, convocados; não foram chamados”, destacou.

O tucano destacou que o governo de São Paulo, assim como o de outros estados, já está se mobilizando para solucionar os problemas enfrentado pelo Instituto de Química da Universidade de São Paulo, idealizador do projeto. E apontou três medidas que precisam ser tomadas para que as pesquisas e liberação avancem. A primeira é a disponibilização de hospitais para que as análises clínicas sejam realizadas; o auxílio para que o Instituto de Química consiga produzir mais pílulas; e a autorização para que pacientes em estado terminal que já tentaram outros tratamentos continuem utilizando a substância.

O governador Geraldo Alckmin recebeu ontem (23/11) o professor Gilberto Chierice, do Instituto de Química da USP de São Carlos, para tratarem do uso da fosfoetanolamina por pacientes com câncer. A audiência no Palácio dos Bandeirantes também teve a participação de parlamentares. Lobbe Neto foi um dos que compareceram.

Lobbe Neto participou nessa segunda-feira (23) de reunião, no Palácio dos Bandeirantes (SP), com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin; o professor, pesquisador e criador da fosfoetanolamina sintética, Gilberto Chierice; e outros parlamentares para discutir o uso da substância.  Alckmin garantiu que solicitará à Anvisa que autorize o regime compassivo, que abre exceção para que o composto possa ser usado até que tenha autorização final do governo federal. E colocou a disposição dos pesquisadores a estrutura do estado para ajudar na conclusão das etapas necessárias. 

(Reportagem: Thábata Manhiça/ Fotos: Alexssandro Loyola e divulgação)