A Mão que Afaga


PT sempre apostou na divisão do país para a luta política, mas agora acena com diálogo

logo-itvO PT sempre estimulou a divisão, recusou a opinião crítica e transformou adversários em inimigos. Agora, com o calo apertando de vez, a postura muda num passe de mágica, diz a Carta de Formulação e Mobilização Política do ITV nesta sexta-feira (24). Nos últimos dias, a crise política e econômica atingiu níveis de deterioração nunca antes vistos.
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Durante seus 35 anos de existência, o PT sempre manteve pelo menos um traço de coerência: apostou na divisão do país para travar a luta política e, quando já estava no governo, abusou da cizânia como arma eleitoral e instrumento de perpetuação no poder. Agora, que o governo Dilma está nas cordas, os petistas acenam com diálogo. Qual PT é o verdadeiro?

Nos últimos dias, com a situação política, econômica (cuja cereja do bolo foi a nova meta de déficit prevista para este ano), social e ética do país atingindo níveis de deterioração nunca antes vistos, os petistas puseram para circular a versão de tanto Lula quanto Dilma buscam diálogo com a oposição, mais especificamente com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em favor da “governabilidade”. Agora governadores também seriam alvo deste “pacto”, segundo o Valor Econômico.

Sim: debater o país, buscar as melhores alternativas de forma suprapartidária e republicana são práticas desejáveis e típicas de democracias e de democratas maduros. São, no entanto, tudo o que o PT jamais fez nos seus 35 anos de história e, principalmente, nos 13 anos no poder até agora.

Foram anos em que o PT reiteradamente provocou o embate, estimulou a divisão, recusou a opinião crítica (qualquer uma), atacou instituições e transformou adversários em inimigos. Agora, quando o calo aperta de vez, a postura muda num passe de mágica. Será?

Quem por acaso tiver alguma dúvida deveria revisitar os discursos de Lula tanto quando presidente – em que tudo acontecia no Brasil como “nunca antes na história” – e também quando, depois de sair do Planalto, aboletou-se sobre palanques pelo país afora e manteve-se em sua campanha permanente.

Quem ainda alimentar alguma suspeita sobre em qual PT deve-se acreditar, pode gastar horas assistindo aos programas de TV da presidente Dilma na campanha do ano passado ou revendo suas frases ensaiadas para serem repetidas nos debates presidenciais, segundo as quais o problema do Brasil do presente estava sempre no passado.

Fernando Henrique foi o anátema desta estratégia. Tudo de ruim que possa ter ocorrido no Brasil nos últimos 20 anos foi sempre creditado a ele pela narrativa petista. Nas campanhas eleitorais petistas, culminando com a mais torpe delas, a do ano passado, o ex-presidente foi sempre retratado como o Judas a ser malhado pelas agruras – principalmente as atuais – dos brasileiros.

Depois de anos de distorção e mentiras, agora, num passe de mágica, o PT transforma Fernando Henrique no esteio da governabilidade. Das duas, uma: Ou os petistas estão finalmente reconhecendo a importância de fato do ex-presidente para a história contemporânea do país ou estão, mais uma vez, exercitando seu conhecido oportunismo. Em que PT apostar?

Ao mesmo tempo em que assopra, o partido de Lula e Dilma morde. Ao mesmo tempo em que põe para circular a tese do diálogo, o velho PT de guerra prepara, junto com seus satélites, vários atos ao longo de agosto para tentar tachar, segundo a Folha de S.Paulo, de “antidemocráticas” e “golpistas” as manifestações de insatisfação em relação ao governo petista programadas para o próximo dia 16. Qual PT vale?

Ao mesmo tempo, Lula também planeja correr o Nordeste para defender-se e ao governo – provavelmente expiando a culpa pela penúria atual nos bodes de sempre e não na gestão de sua pupila. Em quem confiar: em quem diz buscar diálogo ou em quem vocifera contra os adversários em reuniões quase diárias pelo país afora?

No mesmo momento, petistas no governo também tentam modificar critérios para aplicação de verbas publicitárias oficiais de maneira a privilegiar veículos alinhados ao petismo, em detrimento de parâmetros técnicos de alcance e audiência. Em quem apostar: nos que acenam com equilíbrio ou em quem ensaia manipular recursos públicos para – novamente – tentar cercear a imprensa?

A história é boa conselheira e pode servir sempre para iluminar o presente e ilustrar decisões e opiniões. O país quer ver saídas, desde que expressem um sentimento verdadeiro. Não é, por toda a história pregressa, o comportamento de quem até hoje agiu sempre de maneira contrária ao que agora acena. A história ensina: a mão que afaga é a mesma que apedreja.

(Fonte: ITV)

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24 julho, 2015 Últimas notícias 2 Commentários »

2 respostas para “A Mão que Afaga”

  1. Marília Carneiro disse:

    As notícias do jornal de hoje, dia 25 sobre discursos do Lula mostram que a prática de jogar uns contra os outros ainda continua válida para o PT, portanto, espero que o Presidente Fernando Henrique não ceda ao canto de sereia do PT.
    Além do mais, se o Presidente Fernando Henrique não se sentia indignado com os repetidos “nunca antes nesse país” usado como preambulo para atacá-lo, seus admiradores se sentiam, então nem que seja por isso seria bom ver com muita cautela e desconfiança essa tentativa de reaproximação.

  2. Lena disse:

    Ela vai continuar mentindo, traindo. skip to main | skip to sidebar

    Para recuperar imagem, Dilma planeja excursão para mentir no Nordeste.

    http://4.bp.blogspot.com/-iTNumhuBp2Q/VbIV0bL-I0I/AAAAAAAAhzU/bUvcZfMnmxs/s400/a1.jpeg.jpg
    Transnordestina parada. Transposição a passo de tartaruga. Milhares de casas paralisadas no Minha Casa, Minha Vida e nenhuma obra contra seca. É mentindo que Dilma, como sempre, vai tentar conquistar o eleitor mais pobre do Nordeste.
    (O Globo) Para tentar recuperar popularidade, a presidente Dilma Rousseff pretende concentrar sua agenda no Nordeste, região onde foi a mais votada nas últimas eleições. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também planeja percorrer a região, separadamente. Em outra frente, Lula tem se reunido com movimentos sociais para articular mobilização pró-Dilma e contra eventual pedido de impeachment.
    O roteiro traçado para Dilma prevê a visita a cinco estados até o fim de agosto: Piauí, Ceará, Pernambuco, Bahia e Maranhão. O objetivo é reconquistar esse eleitorado que, desde o início do governo Lula, é fiel ao PT. E que vem demonstrando insatisfação com a gestão Dilma. O tema foi discutido pela presidente em almoço com Lula, semana passada, no Palácio da Alvorada. Lula propôs, segundo participantes da reunião, que Dilma viaje pelo país, assim como seus ministros, para inaugurar obras, lançar programas e divulgar uma “agenda positiva”.

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