Consequência da corrupção


Governo fugiu de debate na Câmara sobre crise na indústria naval, reprova Marchezan

17315034614_fc87f6bf3b_z

Tucano manifestou indignação com postura do governo do PT de fugir de debate sobre um setor que amarga uma dura crise.

O deputado Nelson Marchezan Júnior (RS) avisou que apresentará pedido de convocação ao chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, para dar uma satisfação sobre a crise naval no Brasil. O ministro era um dos convidados de audiência pública solicitada pelo tucano que ocorreu nesta quinta-feira (21) na Comissão de Minas e Energia da Câmara. Para Marchezan, a ausência de Mercadante do debate foi uma demonstração de covardia do governo. 

“O governo se acovardou, pois ele sequer respondeu ao convite da comissão. Esse não é um problema meramente técnico; é um problema agravado por causas políticas e precisa de explicação do governo”, criticou.

Marchezan já havia pedido a convocação do titular da Casa Civil, mas em entendimento com deputados da base do governo aceitou fazer um convite. Com o não comparecimento do ministro, o tucano anunciou que insistirá na convocação, tendo em vista que a indústria naval vive um momento de paralisação de obras e demissões em massa. Segundo o deputado, é preciso encontrar uma solução para a situação e o governo é parte fundamental nesse processo. 

A indústria naval entrou em um processo de baixas com os desdobramentos da Operação Lava Jato. O prejuízo da Petrobras causou impacto nas empresas do setor, com menos investimentos, menos projetos e demissões. Devido às revelações da operação da PF, a estatal cancelou 13 pedidos de sondas de perfuração para a Sete Brasil, sua maior parceira na exploração do pré-sal. Por isso, a empresa não consegue pagar seus credores, tem dificuldades de obter financiamento do BNDES, atrasou pagamentos e enfrenta rebaixamento de rating. 

Na avaliação de Marchezan, chama a atenção o fato de a Sete Brasil ter sido constituída por meio de um consórcio para gerir a construção de sondas para a Petrobras, tendo a própria estatal como uma de suas acionistas. Conforme lembrou, houve um significativo aporte de recursos públicos na constituição da empresa que, de forma ainda suspeita, venceu a licitação da Petrobras imediatamente após ser constituída.

“Ficamos hoje mais uma vez sem uma resposta efetiva do BNDES e da Petrobras do porquê da criação dessa empresa e não uma relação direta com as empresas que têm suas atividades nos estados, com cada estaleiro. É um dos mistérios que esperamos que a CPI da Petrobras possa desvendar, pois é mais um duto de recursos públicos que causa estranheza a todos”, lamentou.

Os presidentes da estatal e do banco de fomento também foram convidados, mas não compareceram. “Foi um ato de covardia dos dois presidentes, tal como do ministro Mercadante, pois tratamos aqui do emprego das pessoas. O ministro e os presidentes se esconderam para não ter que dar explicações”, apontou o tucano. Durante o debate, representantes do BNDES e da Petrobras compareceram, destacaram avanços do setor ao longo dos anos, mas admitiram que é necessário equacionar problemas, sobretudo os que dizem respeito à Sete Brasil.

Para o presidente da Comissão de Minas e Energia, deputado Rodrigo de Castro (MG), o governo não tem uma assertiva sobre os rumos do setor. “Hoje a indústria naval tem uma grande importância para o país, mas passa por uma crise que preocupa a todos, principalmente em um momento em que a recessão bate a porta, há desempregos e famílias vivendo na incerteza”, alertou.

Marchezan disse que diversas prefeituras se mobilizaram, fazendo investimentos e se endividando para receber os projetos que foram propagados pelo governo, mas nunca chegaram. Além dos prejuízos para a economia local nas regiões onde os estaleiros são previstos, o tucano ressaltou que o desemprego é o principal agravante.  

Presente à reunião, o presidente do Sindicato da Indústria Naval Brasileira (SINAVAL), Ariovaldo Santana da Rocha, admitiu que mais de 11 mil postos de empregos formais já foram fechados. “Se perdurarem os problemas com P74 e a Sete Brasil, serão mais 30 mil desempregados. Os pagamentos, atrasados desde outubro, dependem da Sete Brasil, se ela não fizer vai gerar mais desemprego”, informou. Prefeitos, vereadores, metalúrgicos e representantes de sindicatos participaram da reunião.

CONFIRA MAIS FOTOS

(Djan Moreno/ Fotos: Alexssandro Loyola/ Áudio: Hélio Ricardo)

Compartilhe:
21 maio, 2015 Últimas notícias Sem commentários »

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *