Caixa 2


Propina alimentou campanha do PT à Presidência em 2010, reitera delator na Câmara

Questionado por Vitor Lippi, Barusco disse que pode virar um novo Celso Daniel; já o Delegado Waldir (D) perguntou sobre eventual destinação de recursos da propina para  campanha petista.

Questionado por Vitor Lippi, Barusco disse que pode virar um novo Celso Daniel; já o Delegado Waldir (D) perguntou sobre eventual destinação de recursos da propina para campanha petista.

Em resposta à indagação do deputado Delegado Waldir (GO) durante depoimento na CPI da Petrobras, nesta terça-feira (10), o ex-gerente da empresa Pedro Barusco confirmou afirmação prestada à Justiça sobre o suposto uso de propina para irrigar o caixa do PT na eleição de 2010.

Segundo Barusco, o então diretor de Serviços da estatal, Renato Duque, pediu US$ 300 mil como “reforço” de campanha eleitoral ao empresário Júlio Faerman, representante da empresa holandesa SBM. O pedido teria sido feito “provavelmente” por solicitação de João Vaccari Neto, tesoureiro do partido da então candidata à presidência Dilma Rousseff. Ainda de acordo com ele, a quantia teria sido “contabilizada” como “pagamento destinado ao PT”.

Barusco deu detalhes de como a propina era dividida entre os partícipes dos crimes contra o erário. Segundo ele, 2/3 do que era cobrado iam para Vaccari e 1/3 para o que chamavam de “casa” – ou seja, os diretores da Sete Brasil: Barusco, João Carlos de Medeiros Ferraz (presidente da Sete Brasil) e Eduardo Musa (diretor de Participações).

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Questionado por Delegado Waldir, Barusco disse que os percentuais foram combinados entre eles (Barusco, Duque e Vaccari) e que os encontros dos três ocorriam geralmente em hotéis. O depoente disse ainda ao deputado goiano que não sabe quem no PT deu “procuração para Vaccari atuar nas empresas, mas o fato é que ele operava”. Na avaliação do deputado João Gualberto (BA), esse é um dos motivos pelos quais “O PT não tem interesse de apurar nada”. Segundo ele, “todo mundo sabe que o PT sempre usou caixa dois para financiar campanhas”.

O deputado Otavio Leite (RJ) avisou que irá solicitar vídeos dos hotéis onde Barusco afirmou se encontrar com Duque e Vaccari para confirmar a veracidade das declarações do executivo. O tucano ressaltou que o depoimento de Barusco deixou claro que nunca existiu indicativo de que houvesse corrupção na Petrobras antes da chegada do Partido dos Trabalhadores ao poder.

Novo Celso Daniel? – Perguntado pelo deputado Vitor Lippi (SP) se tinha receio de “terminar como o Celso Daniel” por conta das revelações que fazia, Barusco respondeu que sim. Ex-prefeito de Santo André (SP), Celso Daniel foi assassinado em 2002. Até hoje o crime não foi desvendado. “Medo eu tenho, né. Todo mundo tem medo. É uma situação que eu me coloquei e tenho que enfrentar”, disse o ex-gerente.

O 1º vice-presidente da CPI, deputado Antonio Imbassahy (BA), ressaltou a importância de o depoimento de Barusco ter sido realizado em uma sessão aberta. O tucano foi o responsável pelo acordo com a defesa do depoente para que a oitiva pudesse ser pública.

Em resposta a um questionamento de Imbassahy, Barusco disse que o estabelecimento de propinas na empresa Sete Brasil foi, na verdade, uma continuidade do que aconteceu, durante anos, na Petrobras. O deputado Izalci (DF) lembrou que a empresa foi constituída usando recursos de fundos de pensão e com participação da própria Petrobras.

 (Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Alexssandro Loyola/Áudio: Hélio Ricardo)

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10 março, 2015 Últimas notícias Sem commentários »

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