Apurando a roubalheira


 CPI da Petrobras vai desvendar esquema de corrupção e responsáveis por falcatruas, avaliam tucanos

Otavio Leite, Antonio Imbassahy e Bruno Covas são os titulares do PSDB na Comissão Parlamentar de Inquérito.

Otavio Leite, Antonio Imbassahy e Bruno Covas são os titulares do PSDB na Comissão Parlamentar de Inquérito. Eles e outros tucanos acompanharam a primeira reunião do colegiado.

Deputados do PSDB saíram da reunião que instalou a CPI da Petrobras, na tarde desta quinta-feira (26), esperançosos de que a Câmara consiga desvendar o escandaloso esquema de corrupção montado na estatal. “Essa CPI tem tudo para ter êxito e apontar ao Brasil quem foram aqueles que, de fato, assaltaram a Petrobras”, disse o líder tucano Carlos Sampaio (SP).

O parlamentar indicou os deputados Antonio Imbassahy (BA), Otavio Leite (RJ), Bruno Covas (SP) e Izalci (DF) para representarem o partido no colegiado. Os três primeiros na condição de titulares. Izalci assumiu a suplência.

Numa reunião que se estendeu por quase três horas, os membros da CPI elegeram o peemedebista Hugo Motta (PB) para a presidência. O deputado indicou o petista Luiz Sérgio (RJ) para a relatoria. A comissão conta com 27 titulares e o mesmo número de suplentes. Ela terá 120 dias para concluir seus trabalhos, mas o prazo pode ser prorrogado por mais 60 dias, por decisão do Plenário.

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Imbassahy reiterou a confiança do líder tucano. “Espero que possamos fazer um trabalho que corresponda às expectativas e responsabilidades do Congresso. Não pretendemos fazer nenhum tipo de teatro ou espetáculo”. O parlamentar lembrou, ainda, que a população vai acompanhar com atenção o desempenho dos integrantes da CPI. “Quem fizer bobagem aqui, vai ser hostilizado na rua. Eu não vou aceitar e viver aqui com qualquer conduta duvidosa. O povo brasileiro está olhando para a gente”, avisou.

Atuação transparente – Tucanos que não integram a CPI também acompanharam a sessão e pediram transparência no encaminhamento das apurações. “Tenho a preocupação de que aqui seja desenvolvido um trabalho transparente para que fique claro para a sociedade que aqui não está sendo feito nenhum tipo de composição”, disse o deputado Caio Narcio (MG).

Segundo o deputado Delegado Waldir (GO), caberá ao colegiado dar uma resposta à sociedade para as falcatruas cometidas com recursos da Petrobras. “Não podemos sair daqui com uma pizza”, disse ele, que elogiou a qualidade dos trabalhos dos responsáveis pela Lava Jato, especialmente os policiais federais. “O êxito dessa operação se deve ao Departamento da Polícia Federal”, avaliou.

O deputado João Gualberto (BA) confrontou petistas e aliados, que insistiam na cantilena de que a corrupção na estatal surgiu antes dos governos de Lula e Dilma Rousseff. “Vocês estão há 12 anos no poder. Por que não apuraram? Vocês foram irresponsáveis, coniventes? O que houve?”, perguntou. O parlamentar também mandou um recado para o relator da CPI: “O seu compromisso com o povo tem que ser muito maior do que com seu partido e com seus chefes”. “Portanto, vamos apurar tudo”, completou.

 Polêmica – Antes da eleição para a presidência do colegiado, o deputado Ivan Valente (Psol-SP) se apresentou como candidato para comandar as investigações e pediu o afastamento dos membros da comissão que receberam doações de campanha de empreiteiras investigadas na Lava Jato. Ele disputou a vaga com Hugo Motta (PMDB-PB), que acabou vencendo por 22 votos a quatro.

Sampaio contestou Valente. Segundo ele, a legislação brasileira não pressupõe, não prevê nem admite o pré-julgamento de uma doação legalmente declarada. “A doação não é sinônimo de propina e de corrupção. Ela decorre de preceito legal”, disse. “Um conjunto de critérios é que leva uma doação ser considerada ilegal”, acrescentou.

Líderes Bruno Araújo e Carlos Sampaio também estiveram nesta manhã no Plenário 2.

Líderes Bruno Araújo e Carlos Sampaio também estiveram nesta manhã no Plenário 2.

Diante do contínuo embate entre o deputado do Psol e dos demais partidos, o líder da Oposição, Bruno Araújo (PE), lembrou que o objetivo da comissão era investigar “as dezenas de bilhões de reais” desviados da Petrobras. “O que se quer aqui é discutir temas que interessam ao país. Quando a liderança do governo faz referência à maior empresa do mundo, talvez tenha faltado semântica para dar clareza. É a empresa não financeira com o maior endividamento do planeta”, disse.

 O tucano destacou ainda que o escandaloso caso de corrupção envolvendo a companhia se transformou em “aula de administração das principais universidades do mundo sobre como quebrar uma empresa petrolífera: basta seguir a receita do Partido dos Trabalhadores”.

A polêmica foi encerrada pelo deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), que presidiu a sessão de instalação da CPI. Ele indeferiu a solicitação de Valente sob o argumento de que os integrantes da comissão estavam lá por indicação de seus partidos.

 Aos trabalhos – A próxima reunião da CPI está marcada para quinta-feira (5), a partir das 9h. Nela, o relator Luiz Sérgio (PT-RJ) deve apresentar o roteiro de trabalho. Durante a reunião, Bruno Covas pediu ao petista que antecipe esse plano, ainda que seja uma minuta. “Para que possamos trazer contribuições para o bom andamento da CPI”, argumentou o tucano.

 A partir de segunda, a secretaria do colegiado estará disponível para receber os requerimentos de convite e convocação, além de outras solicitações que ajudarão nas investigações.

Imbassahy na TV 45: pressão da opinião pública levará CPI da Petrobras a atingir objetivos

 (Reportagem: Luciana Bezerra/ Fotos: Alexssandro Loyola/ Áudio: Kim Maia)

 

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26 fevereiro, 2015 Últimas notícias Sem commentários »

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