Queda livre


Queda nos lucros da Petrobras é somatório de incompetência e corrupção, diz Izalci

O balanço com os resultados da Petrobras no terceiro trimestre de 2014 foi divulgado na madrugada desta quarta-feira (28) e os números são estarrecedores. Sem sequer considerar as perdas com corrupção, a empresa viu seu lucro 8269551181_9fc501ecec_zdespencar 38%. Ao mesmo tempo em que a gestão da petroleira dá um atestado de incompetência por não conseguir definir a situação real da empresa, percebe-se que a estatal segue em queda livre. Ao longo do dia, as ações despencaram 11,20%, fazendo com que a estatal amargasse perdas de R$ 13,9 bilhões em valor de mercado. 

Integrante da CPI Mista que investigou as irregularidades na empresa no ano passado, o deputado Izalci (DF) afirma que o balanço não é confiável porque não passou por auditoria independente. “É uma publicação desnecessária, pois não traduz a realidade patrimonial da empresa”, disse.

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Os dados foram anunciados com atraso de mais de dois meses porque a companhia estava preparando o balanço das perdas com os desvios apontados pela Operação Lava Jato. Mas a metodologia adotada mostrou-se inadequada e o tamanho do rombo só será divulgado posteriormente. Em resumo, o balanço não foi auditado, o que é indispensável para uma empresa do porte da Petrobras, como lembrou Izalci. A presidente da companhia, Graça Foster, deu seu atestado de incompetência dizendo que os valores desviados são impraticáveis.

Como destacou a colunista Miriam Leitão, “uma empresa deste tamanho não pode deixar de apresentar registros contábeis bem feitos e auditados segundo os melhores parâmetros, aceitos internacionalmente, auditados por empresas de auditoria independentes, afinal há riscos de que dívidas contraídas para serem pagas ao longo do tempo sejam cobradas imediatamente”. Mas foi exatamente isso que aconteceu: Foster não conseguiu apresentar o valor do “petroleoduto” e de seus devastadores efeitos.

“É difícil melhorar a credibilidade da instituição se, depois de tanto tempo, denúncias e apurações, a Petrobras ainda não conseguiu descobrir qual é a sua realidade. Isso gera uma desconfiança para o mercado”, afirma Izalci.

Segundo as normas contábeis, os valores que a Petrobras decidir lançar como perda, quando o fizer, serão abatidos dos ativos. Parte disso será lançada como despesa no trimestre em que ocorrer, jogando o lucro do período para baixo mais uma vez. O que se sabe é que o estrago é grandioso e sem precedentes. Apesar de não ter divulgado essas baixas contábeis referentes às denúncias de corrupção, a Petrobras identificou o equivalente a R$ 88,6 bilhões em ativos superavaliados. Como foram identificados também R$ 27,4 bilhões em ativos subavaliados, seria possível dizer que os ativos da empresa teriam de ser reduzidos em cerca de R$ 61,4 bilhões, de acordo com conclusão da Planner Corretora. Este valor é equivalente a 17,5% do patrimônio líquido da empresa em 30 de setembro do ano passado, ou 47,7% do valor de mercado, considerando as cotações da última terça-feira (27).  

Os números do trimestre, queda no lucro de R$ 5 bilhões para R$ 3,1 bilhões – em relação ao período anterior, são atribuídos principalmente à baixa dos valores relacionados à construção das refinarias Premium I e II, no Maranhão e Ceará, respectivamente, estimadas em R$ 2,7 bilhões. O balanço atribui as perdas à “descontinuidade” dos projetos, indicando que elas foram descartadas do plano de investimento.

Para Izalci, o que realmente explica a perda de valor da estatal e a redução constante dos lucros é a junção de incompetência, má gestão e corrupção. “Percebemos que há uma total falta de gestão, excesso de corrupção, interferência do governo. É totalmente incoerente. É por isso que ninguém acredita mais nas declarações da presidente da República e nem da presidente da Petrobras”, apontou o deputado.

(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Kim Maia)

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28 janeiro, 2015 Últimas notícias Sem commentários »

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