Sem condições de ficar


 Parlamentares do PSDB voltam a defender saída de Graça Foster do comando da Petrobras 

Em reunião que ouviu a diretora da ANP, críticas severas dos tucanos à postura da presidente da Petrobras.

Em reunião que ouviu a diretora da ANP, críticas severas dos tucanos à postura da presidente da Petrobras.

Tucanos voltaram a dirigir duras críticas nesta quarta-feira (26) à presidente da Petrobras, Graça Foster. Durante a oitiva de Magda Chambriard, diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), na CPI Mista da Petrobras, o líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), afirmou que a titular da companhia perdeu todas as condições para ser mantida no cargo. “Ela não tem autoridade moral para dar ordens aos subordinados nem credibilidade diante dos agentes financeiros. O acionista não confia mais na dirigente maior dessa organização que passa por um momento constrangedor”, disse o tucano, que, na semana passada, já havia defendido mudanças no comando da estatal.

Segundo o parlamentar, Foster adotou uma conduta comparável a de um membro de uma quadrilha que tem como responsabilidade “limpar a cena do crime”. “A impressão que passa é que ela assumiu a Petrobras com esse compromisso: olha, vai ser presidente, mas procura acobertar tudo de ruim por lá e vai tomando algum tipo de providência”, acrescentou.

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O tucano citou duas atitudes duvidosas da presidente da empresa. Além de não informar em 11 de junho ao colegiado que já havia sido comunicada sobre denúncias de pagamento de propina da SBM Offshore a funcionários da Petrobras, a executiva sempre se apresentou favorável à aquisição da refinaria de Pasadena (EUA), negociação nebulosa realizada com a Astra Oil que custou US$ 1,249 bilhão aos cofres da empresa. “Ela sempre deixou claro que foi um negócio absolutamente regular.”

Imbassahy destacou ainda que o escândalo de corrupção na Petrobras tem comprometido a credibilidade internacional do país. E classificou de “horror” e “fim da picada” para a imagem do Brasil as imposições feitas pela Justiça suíça para devolver o dinheiro em nome do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa. Entre elas, a de que o Brasil terá de dar garantias de que os recursos não retornarão ao suspeito nem a outras empresas ou pessoas, ficando exclusivamente para o Estado.

Titular da CPI Mista da Petrobras, o deputado Carlos Sampaio (SP) também criticou a número um da companhia. O parlamentar disse que errou ao ter dirigido elogios a Foster e ao seu currículo quando ela esteve na comissão, em 11 de junho. “Começa a transparecer para o Brasil que a presença dela na estatal foi para dar um ar mais técnico a um mundo, usando uma expressão chula, de safadeza que imperou dentro da Petrobras”, declarou. “Isso não sou eu falando. São juízes, Ministério Público, Supremo Tribunal Federal, enfim, todos.”

Sampaio lamentou que, até o momento, não tenham sido divulgados os nomes de políticos envolvidos no esquema de desvio de recursos da petroleira. “Me vejo nessa situação de estar tomando cafezinho com um deputado ou conversando com um senador e amanhã descobrir que é um marginal que assaltou a Petrobras.”

Mais um atestado – A reunião desta quarta-feira da CPI contaria com dois depoimentos. Além de Magda Chambriard, era esperado pelos membros da comissão Glauco Legati, gerente-geral de Implementação de Empreendimentos para a Refinaria Abreu e Lima. A Petrobras enviou uma carta ao colegiado informando que ele estava de licença médica e não poderia comparecer à audiência.

A ausência foi criticada pelo deputado Izalci (DF). “Espero que esse atestado seja real e não como o outro apresentado na reunião passada”, disse o parlamentar, referindo-se a documento médico enviado pelo diretor de Abastecimento da Petrobras, José Carlos Cosenza, à CPI mista em 22 de outubro, dia em que ele deveria prestar depoimento. Uma semana depois, Cosenza compareceu no Congresso.

Izalci ainda ironizou a manobra dos governistas, que solicitaram o depoimento de Legati com intuito de atrapalhar as investigações. “Atiraram no que viram e acertaram o que não viram”, declarou o tucano, lembrando que os gerentes da Petrobras também entraram na mira da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, já que um deles fechou acordo de delação premiada com autoridades e se comprometeu a devolver mais de R$ 250 milhões aos cofres públicos. Trata-se de Pedro Barusco, que foi gerente-executivo de Serviços da estatal, subordinado do ex-diretor Renato Duque, preso em 14 de novembro na sétima fase da Operação Lava Jato.

­A CPI Mista realiza mais uma oitiva nesta quinta-feira (27), a partir das 10h15. Será de Márcio Andrade Bonilho, sócio da Sanko-Sider.

(Reportagem: Luciana Bezerra/Foto: Alexssandro Loyola/Áudio: Hélio Ricardo)

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26 novembro, 2014 Últimas notícias Sem commentários »

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