Petrolão


Tucanos criticam estratégia do “não sei nem vi” de diretor da Petrobras na CPMI

Deputados do PSDB criticaram, nesta quarta-feira (29), as seguidas tentativas do diretor de Abastecimento da Petrobras José Carlos Cosenza de se desvencilhar da sucessão de escândalos que envolvem a 15662295562_8405089e49_kcompanhia. Em quase três horas de depoimento à comissão mista que investiga irregularidades na petroleira, o diretor negou qualquer ligação com o seu antecessor no cargo, Paulo Roberto Costa, e disse desconhecer qualquer irregularidade cometida por ele dentro ou fora da estatal.

Preso na Operação Lava Jato, da Polícia Federal, Costa é acusado de integrar um esquema articulado na companhia para desviar recursos e abastecer o caixa do PT e de partidos aliados. Por decisão da Justiça, ele cumpre prisão domiciliar desde o início de outubro, após revelar, amparado pelo acordo de delação premiada, toda a operação criminosa da qual fez parte.

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“Fica difícil para os brasileiros imaginarem que um homem da sua estatura chegue aqui e diga que não sabia de nada e continua sem saber. Sinceramente, os brasileiros não acreditam no que o senhor está falando”, disse o líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA).

O tucano apontou contradições no depoimento de Cosenza. “O relator (deputado Marco Maia – PT/RS) pergunta se teve algum encontro com o ex-diretor Paulo Roberto, o senhor afirma primeiro que não. Minutos depois, confessa que teve três telefonemas e dois encontros pessoais”, afirmou.

Imbassahy ainda reprovou a leniência do diretor, que nada fez para revisar contratos celebrados por Costa, coibir falcatruas ou investigar eventuais prejuízos na área de Abastecimento, como o superfaturamento da obra da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Somente um dos contratos do empreendimento teve sobrepreço de R$ 613 milhões.  

“Quem foi punido? Algum ex-auxiliar do Paulo Roberto Costa foi afastado?”, perguntou o deputado. Ao receber a resposta negativa, o parlamentar do PSDB disse que “não resta dúvida de que as irregularidades prosseguiram após a saída de Costa da Petrobras”.

Autor de um dos requerimentos que solicitaram a presença do diretor da estatal na CPI mista, o deputado Izalci (DF) não se surpreendeu com a conduta de Cosenza. Segundo ele, o diretor seguiu a mesma estratégia adotada pelos demais integrantes da Petrobras para retardar as investigações da comissão. “Há treinamento e orientação para dizer que não sabe nem viu nada”, disse. “Com a quebra dos sigilos e informações obtidas, vamos chegar à conclusão de que houve, sim, superfaturamento, desvio de recursos e que uma quadrilha atuou na Petrobras. Só não sabemos ainda quais foram os agentes políticos beneficiados pelo esquema.”

Trajetória – Cosenza prestou depoimento uma semana depois da data definida pelo colegiado. Segundo atestado médico enviado ao presidente da mesa, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), no dia 22, o depoente não tinha condições de comparecer à oitiva em função de uma crise de pressão arterial.

Recomposto do problema de saúde, ele preferiu detalhar aos parlamentares a carreira de 38 anos na Petrobras que culminou no cargo que ocupa desde 2012.

Sobre o esquema de corrupção montado na companhia, disse reiteradas vezes que “nunca ouviu falar em absolutamente nada”. Cosenza negou ainda conhecer o doleiro Alberto Youssef e que tenha sido indicado por um partido para ocupar a função. Segundo ele, a atual presidente da Petrobras, Graça Foster, o convidou.

(Reportagem: Luciana Bezerra/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Hélio Ricardo)

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29 outubro, 2014 Últimas notícias 1 Commentário »

Uma resposta para “Petrolão”

  1. rubens malta campos disse:

    Difícil de acreditar.Pressão neles.

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