Cidadão que paga
Tucano culpa Dilma pelo rombo bilionário do setor elétrico a ser pago pelos consumidores
Para um governo que diz priorizar os pobres, é contraditório ver a que ponto deixou chegar o setor elétrico nacional e o prejuízo que a sociedade terá de pagar, pesando principalmente no bolso dos mais carentes. Os equívocos da gestão petista no setor foram decisivos para o rombo que pode chegar a R$ 66,5 bilhões, conforme cálculo da CMU Comercializadora de Energia. Não é à toa que o deputado Nilson Pinto (PA) culpa a presidente Dilma pelo aumento nas tarifas de energia e pela desorganização no setor. A petista liderou toda a derrocada da área desde que esteve à frente de postos estratégicos – ministra de Minas e Energia e depois chefe da Casa Civil do governo Lula. À frente do Palácio do Planalto, as trapalhadas só continuaram.
Pelos cálculos da CMU, destacados pela jornalista Miriam Leitão, cada residência estaria devendo R$ 880 para pagar sua parte dessa conta bilionária. Isso dá em média 17 meses de contas de luz para uma família comum. Com esse dinheiro todo poderia ser feita a transposição do rio São Francisco sete vezes, pagar três anos de Bolsa Família ou realizar duas vezes todas as obras prometidas para a Copa do Mundo. A dívida se acumulou por decisões tomadas de maneira errada e pela ausência de outras medidas capazes ampliar a oferta de energia e de frear o consumo.
“A culpa é da presidente Dilma, apresentada para todos os brasileiros como a grande gestora do sistema elétrico brasileiro. Ela era a pessoa que tinha competência para resolver os problemas do setor e o resultado do seu trabalho está aparecendo: falta de planejamento e erros nas tomadas de decisão. A consequência é esse rombo bilionário que se abateu sobre o sistema, provocando prejuízo para os consumidores de todo o Brasil”, alerta Nilson Pinto.
Para o tucano, a presidente mentiu ao prometer redução da conta de luz e cometeu erro grave com a medida provisória que antecipou o fim de contratos de concessão para “cumprir com a promessa”. A MP provocou um efeito desastroso ao desajustar completamente o setor elétrico. Os atuais reajustes já anularam a redução e estima-se que nos próximos três anos o consumidor pagará pela crise atual. “É um descalabro. Foi uma mentira, assim como tantas outras divulgadas por um governo que usa uma técnica nazista de propaganda”, critica o deputado.
Medidas simples como uma campanha de conscientização para redução do consumo poderiam ter gerado importante economia e reduziria a necessidade de geração térmica que, além degradar o meio ambiente é cara e contribuiu fortemente para esse rombo bilionário). Com uma economia de 5% no consumo entre janeiro de 2013 e agosto de 2014, por exemplo, poderia haver uma economia de R$ 29 bilhões. Se houvesse uma campanha para desligar os aparelhos eletrônicos em stand-by nas casas haveria uma queda de 4,2% do consumo total do Sistema Integrado Nacional.
Essas são apenas algumas das inúmeras ações que o governo poderia ter adotado, mas por incapacidade gerencial não fez e permitiu que todos os brasileiros fossem prejudicados. O deputado paraense afirma que a falta de competência na Presidência da República é tão grande que o governo não consegue comandar medidas do tipo. “A falta de planejamento é generalizada em todos os setores e na área da infraestrutura e da energia elétrica é brutal”, avalia, ao destacar que o governo não precisaria recorrer às térmicas se tivesse agido antecipadamente.
A estiagem em 2014 é evidente, mas a crise tem outros motivos. Como destaca o jornal “O Globo”, a tentativa de derrubar o preço na marra, o adiamento do sistema de bandeiras tarifárias, a falta de campanhas para economizar eletricidade e o erro ao negociar oferta e demanda de energia criaram o curto-circuito no setor elétrico que vai para o bolso de todos nos próximos anos. Portanto, é a pesada herança elétrica que começará a ser paga no ano que vem.
(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Alexssandro Loyola/Charge: Fernando Cabral/Áudio: Hélio Ricardo)
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