De errata em errata


Erro na PNAD ressuscita suspeitas sobre ingerência indevida no instituto, alerta ITV

itv31A divulgação de dados errados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) pelo IBGE retomou as suspeitas de ingerências indevidas no órgão por parte do governo federal, alerta a Carta de Formulação e Mobilização Política desta segunda-feira (22). A verba prevista no Orçamento da União para o instituto em 2015 foi reduzida a menos de um terço: caiu de R$ 766 milhões para R$ 204 milhões. “O respeitável corpo técnico do IBGE vem alertando para a piora das condições de trabalho e o sucateamento da instituição, que vem perdendo mão de obra e recursos orçamentários”, diz o texto do ITV. Leia a íntegra:

Errar é humano. Mas equívocos em pesquisas que servem para balizar análises e estudos e para definir políticas públicas são especialmente indesejáveis. Nos anos recentes, o IBGE vem se tornando protagonista de tristes episódios, saindo das páginas nobres do noticiário para as de escândalos.

Na sexta-feira, o instituto divulgou uma errata de dados sobre desigualdade, rendimento, analfabetismo e desemprego que compõem a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) publicada um dia antes. Alguns melhoraram, como o índice de Gini, outros, não, como a taxa de analfabetos.

Foi o suficiente para ressuscitar suspeitas sobre ingerências indevidas no órgão por parte do governo federal. O respeitável corpo técnico do IBGE vem alertando para a piora das condições de trabalho e o sucateamento da instituição, que vem perdendo mão de obra e recursos orçamentários.

O número de servidores do IBGE caiu 14% desde o início da gestão Dilma: são mil pessoas a menos num quadro que agora soma 6.083 funcionários. Metade tem mais de 31 anos de casa, ou seja, está perto de se aposentar. O contingente de temporários mais que dobrou, para os atuais 4,4 mil, segundo o Valor Econômico.

O facão também caiu sobre a verba prevista no Orçamento da União para o instituto em 2015. O dinheiro para pesquisa foi reduzido a menos de um terço: passou dos R$ 766 milhões inicialmente previstos para R$ 204 milhões. É menos da metade da dotação de 2014.

As consequências se medem em termos de produção do órgão. Duas pesquisas importantes previstas para 2015 foram suspensas: a Contagem da População, uma espécie de prévia do Censo, e o Censo Agropecuário. A Pesquisa de Orçamentos Familiares foi adiada de 2014 para 2015.

Esta, porém, não é a primeira crise braba que o IBGE enfrenta sob a gestão Dilma. Em abril, o governo anunciou a suspensão da realização da Pnad Contínua, que trouxera nova (e mais alta) taxa de desemprego no país. O rebu levou duas diretoras a pedir demissão e o governo acabou voltando atrás.

Os funcionários do IBGE ficaram 77 dias em greve. Com isso, durante três meses (maio a julho) a taxa média de desemprego no país não pôde ser conhecida. Os relatos são de que trabalhar no instituto tornou-se algo “desumano”. As condições pioraram e a qualidade das informações por vezes vê-se comprometida.

Ontem, a presidente Dilma Rousseff classificou de “banal” o erro observado na Pnad. É atitude típica de quem desdenha da importância de órgãos quase seculares como o IBGE. A má gestão petista arranha a reputação, a credibilidade e a autonomia de instituições que são patrimônio do povo brasileiro.

(Fonte: ITV)

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22 setembro, 2014 Últimas notícias Sem commentários »

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