Empurra-empurra petista


Depoimento de Cerveró expõe racha nas gestões da Petrobras, avaliam tucanos

Aguardado com ansiedade para esclarecer as muitas dúvidas sobre a compra da refinaria de Pasadena (EUA), o depoimento do ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró, nesta quarta-feira (16), na 13895718193_a1985484f9_bCâmara, demonstrou um racha entre a atual gestão da estatal e a anterior.

Segundo o líder em exercício do PSDB na Casa, Vanderlei Macris (SP), a audiência com o ex-diretor evidenciou o jogo de empurra-empurra entre duas correntes. A primeira é da presidente Dilma Rousseff, com apoio da presidente da Petrobras, Graça Foster, que considera a aquisição da refinaria um “mau negócio”. A segunda – encabeçada pelo ex-dirigente da estatal, José Sérgio Gabrielli, e da qual Cerveró faz parte – defende a compra, chegando a considerá-la um bom negócio.

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“Ficou clara a diferença de postura e entendimento. Todos querem se safar da responsabilidade. Quem sai no prejuízo é a população, especialmente os acionistas que acreditam na empresa”, disse Macris. “Por isso é importante a CPI da Petrobras ser instalada para pontuar de quem é a responsabilidade da compra desastrosa da refinaria”, acrescentou.

Cerveró nega que tenha enganado Dilma no processo de compra de Pasadena

Contradições – Em cinco horas de depoimento, Cerveró detalhou o planejamento estratégico da Petrobras entre 2000 e 2010, o processo de negociação que culminou na compra de Pasadena e o desentendimento entre a estatal e a Astra Oil sobre a refinaria.

13896290473_6bfa0097aa_bQuestionado sobre a ausência das cláusulas “Put Option” e “Marlim” no resumo executivo que balizou a compra da refinaria, e no qual Dilma Rousseff disse ter se baseado para aprovar a operação em 2006, o ex-diretor afirmou que os itens omitidos eram irrelevantes. “Não tinha toda essa representatividade no negócio”, declarou.

O deputado Duarte Nogueira (SP) confrontou as divergentes opiniões de Dilma e Cerveró a respeito da importância das cláusulas. Para evitar qualquer indisposição com o atual governo, o ex-diretor disse que essa interpretação é subjetiva. “Ele se esquivou de responder. Cerveró não soube explicar também por que o endividamento da Petrobras saiu de R$ 47 bilhões e hoje é de R$ 268 bilhões e por que os acionistas perderam metade do investimento”, destacou o parlamentar.

O deputado Emanuel Fernandes (SP) também deixou a tumultuada audiência sem resposta. Ao ser perguntado sobre o valor atual de Pasadena, o ex-dirigente se limitou a dizer que não sabia, pois está há seis anos afastado da área internacional da Petrobras. “Gastamos US$ 1,25 bilhão na compra e não sabemos quanto temos de patrimônio. Me parece que há um entrevero entre o atual governo e o anterior em relação a esse assunto e o senhor está no meio”, afirmou Fernandes.

O deputado também questionou o acordo fechado por Pasadena entre a Petrobras e Astra Oil, uma comercializadora, já que a intenção da estatal era ampliar a sua capacidade de refino de petróleo no exterior. “Fazer um negócio com uma empresa que não é refinadora e, seis meses depois, descobrir que ela não quer refinar parece uma infantilidade”, completou.

Bate-boca e intervenções – O depoimento de Cerveró foi marcado por confrontos entre integrantes da base governista e parlamentares da oposição. Na avaliação do líder da Minoria, Domingos Sávio (MG), a conduta dos aliados de Dilma Rousseff no Congresso e as respostas escorregadias do ex-diretor dão força para a instalação da CPI da Petrobras. “Esta reunião deixa claro para o Brasil que é necessário, sim, uma CPI sobre esse assunto. Digo isso por causa do comportamento de alguns que tentam evitar que se aprofunde algumas perguntas e antecipam as respostas do convidado”, salientou.

(Reportagem: Luciana Bezerra/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Hélio Ricardo)

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16 abril, 2014 Últimas notícias Sem commentários »

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