Demagogia, por José Aníbal


Ao sugerir, diante de uma plateia inteira de petroleiros, que a Petrobras é vítima de urdiduras políticas, e não de uma rede de parasitas ali colocada a soldo de seu próprio partido, a presidente Dilma Rousseff escolheu trilhar um caminho dos mais pantanosos para um estadista: o da demagogia. O compromisso firmado foi com a empulhação.

Todos sabem que Dilma deve proteger a Petrobras de seu próprio partido e de seu próprio governo. No entanto, enquanto prometia diante das câmeras investigar irregularidades na estatal e punir com rigor os responsáveis, a presidente posicionava sua tropa de choque para barrar a todo custo qualquer investigação que passe as dúvidas a limpo.

Foram governos do PT que indicaram os diretores da Petrobras sob suspeita. A atual diretoria manteve no cargo Nestor Cerveró – responsável pelo parecer falho e incompleto que levou Dilma a fechar o escandaloso negócio da refinaria de Pasadena oito anos atrás. Aliás, então presidente do Conselho de Administração, Dilma teve meses após a aprovação da compra para corrigir os malfeitos antes da concretização da aquisição.

O problema não se limita à Petrobras. A infiltração partidária na máquina federal atingiu uma proporção tão absurda e insuportável que os mesmos sinais de repulsa ao parasitismo clientelista, o mesmo alarme instigado contra a usurpação dos espaços pelos apadrinhados, vêm dos mais diversos pontos da máquina pública. O servidor de carreira não aguenta mais.

O IBGE, uma das mais brilhantes instituições públicas de estatística do mundo, criada por Getúlio Vargas antes mesmo da Petrobras, é palco de um verdadeiro motim de seu corpo técnico contra interferências políticas de gente sem qualquer lastro intelectual para pitacos. O mesmo acontece nas agências reguladoras, no Ipea, na Embrapa, o mesmo em todo lugar.

Enquanto Dilma derramava sua demagogia em Pernambuco, a CUT pateticamente manifestava, diante do prédio da Petrobras, seu incondicional apoio para que tudo permaneça como está. Ao mesmo tempo, na bolsa, a possibilidade de que a estatal continue sendo administrada como um negócio lulopetista fazia com que as ações da empresa derretessem um pouco mais.

(*) José Aníbal é economista e deputado federal (PSDB-SP). Artigo publicado no Blog do Noblat. (foto: Lúcio Bernardo – Ag. Câmara)

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16 abril, 2014 Artigosblog 1 Commentário »

Uma resposta para “Demagogia, por José Aníbal”

  1. rubens malta campos disse:

    Perfeito.É preciso desmascarar esses pulhas.

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