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Deputados questionam ministro sobre legado da Copa e apoio do governo a atleta

Durante audiência pública promovida pela Comissão de Esportes da Câmara com o ministro Aldo Rebelo, deputados do PSDB contestaram informações divulgadas pelo governo. O deputado Silvio Torres (SP) afirmou que dificilmente a Copa do Mundo irá gerar tantos benefícios ao país como alega o Planalto. Já a deputada Mara Gabrilli (SP) cobrou ações do Estado para amparar financeira e socialmente a esquiadora Laís Souza, que perdeu os movimentos do corpo após acidente durante um treino em janeiro.

Em sua exposição, Rebelo fez críticas e ironizou a imprensa pelas denúncias sobre obras de infraestrutura do mundial. Segundo o ministro, “apesar do grosso noticiário que circula dando conta de problemas na preparação da Copa do Mundo, tudo o que foi assumido pelo governo está sendo cumprido”.

Mas Silvio Torres contestou a alegação do ministro. “Não é a oposição que está nas ruas protestando contra a Copa, trata-se de um movimento difuso e espontâneo da própria sociedade”, afirmou o tucano, ao destacar que há uma insatisfação quase generalizada em torno da condução dos preparativos para o evento.

“Não vejo qual legado o futebol vai ter depois da Copa, pois as estruturas estão praticamente intocáveis. Os vícios, a cultura autoritária de uma governança completamente comprometida, tudo permanece igual, e, enquanto isso ocorrer, não tem como haver mudanças”, disse.

Do ponto de vista do legado que as obras deixarão para o país, o tucano levantou dúvidas, já que, diferente do que expôs o ministro, há muito atraso. Na área de mobilidade urbana, das 41 intervenções previstas na última versão da Matriz de Responsabilidades, apenas cinco estavam concluídas até o final de fevereiro. 

A Matriz foi assinada em 13 janeiro de 2010. Previa 56 obras de mobilidade e R$ 15,4 bilhões em investimentos. Após várias alterações, na versão recente, de setembro passado, com atualização em novembro, restaram 41 intervenções, com gasto previsto de R$ 8 bilhões.

 “A copa é irreversível e o momento agora é de torcer para que as coisas deem certo, afinal o Brasil vai estar em uma vitrine, exposto para todo o mundo. Vai caber a nós, depois do evento, fazer uma análise mais aprofundada sobre os gastos e o legado”, alertou.

Apoio do Estado
Mara Gabrilli, uma da proponentes do debate, questionou o ministro sobre o futuro da atleta olímpica Laís Souza. De família humilde,  a esquiadora sofreu uma grave lesão medular durante treinamento de para os Jogos Olímpicos de Inverno de Sochi, na Rússia.

Gabrilli demonstrou preocupação quanto ao custeio do tratamento e quanto à aposentadoria da atleta, caso ela fique irremediavelmente paraplégica. Desde o acidente, ela vem sendo apoiada pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB), mas a ajuda deve se estender por apenas mais dois meses, de acordo com a deputada.

Diante disso, a tucana afirmou ao ministro que é preciso garantir à atleta e sua família uma estrutura básica de atendimento, como cuidadores 24 horas, equipamentos e o conforto necessário para a sua reabilitação. Ela ressaltou que é direito de Laís a aposentadoria integral por invalidez e também por acidente de trabalho, tal como o tratamento pelo SUS.

Mas ressaltou que só isso não basta diante do quadro da atleta. O acidente provocou o deslocamento da terceira vértebra da coluna cervical, que a deixou sem os movimentos das pernas e dos braços. “Sempre que lembro da Laís me emociono porque imagino a incerteza e a insegurança dela quanto ao futuro. Daí minha preocupação que ela tenha essa assistência, pois nem todos têm condições de receber conforto material como eu tive”, afirmou a deputada, que é tetraplégica.

Apesar das cobranças feitas por Mara e pelo líder do PPS, deputado Rubens Bueno, Rebelo resumiu dizendo apenas que aguarda relatório da presidência do COB para estudar o caso de Laís. Mara propôs uma reunião de trabalho para analisar possíveis alternativas de apoio à Laís.

(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Alexssandro Loyola)