Investigações continuam


ALF_4005 Oposição entra com pedido de criação de CPI da Petrobras na Câmara

A oposição deu entrada nesta terça-feira (3) no pedido de criação de Comissão Parlamentar de Inquérito na Câmara para investigar as irregularidades na Petrobras. O requerimento recebeu 186 assinaturas, inclusive de deputados da base aliada ao governo Dilma. O colegiado dará continuidado aos trabalhos da CPI Mista de 2014. O pedido foi feito no mesmo dia em que a provável demissão de Graça Foster, presidente da estatal, começou a ser alardeada pela imprensa. A saída da executiva foi considerada pelos tucanos “demorada” e “tardia.

“Com essa CPI nós vamos ter condições de apresentar o nome daqueles que se envolveram, dos agentes públicos, sejam eles ministros ou técnicos da Petrobras, e também os agentes políticos: deputados e senadores que eventualmente tenham se envolvido nesse assalto à Petrobras. O Brasil tem o direito de saber quem são essas pessoas”, afirmou o líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP). A oposição tem como prioridade a criação de mais quatro CPIs: setor elétrico, BNDES, fundos de pensão e Pronaf, além de uma nova CPI Mista para continuar apurando o petrolão.

“A companhia que é o grande orgulho dos brasileiros vem experimentando vultosos prejuízos, em decorrência de operações que chegam a ser escandalosas, de tão mal concebidas. Sobre algumas delas se levanta, inclusive, a suspeita de que tenham sido realizadas com objetivos espúrios”, justifica o documento assinado por líderes da oposição. O colegiado será composto por 25 membros titulares e 25 suplentes e funcionará por 120 dias. O foco dos trabalhos será nos ilícitos cometidos na estatal entre 2005 e 2015.

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Saída de Foster
O líder da Minoria, Bruno Araújo (PE), disse que Foster “já vai tarde”, caso seja confirmada a troca de titulares na companhia. O parlamentar afirmou, ainda, que a substituição não isenta Dilma de qualquer responsabilidade sobre a série de escândalos de corrupção que desmantelam a petrolífera. Uma eventual mudança em nada diminui os problemas que o Brasil discute em relação ao estrago feito com o patrimônio da Petrobras”, concluiu.

Para o líder Carlos Sampaio, “demorou muito mais do que se esperava”. “A impressão que a oposição tem, clara, é de que a Graça Foster estava cumprindo um papel de segurar a barra do governo, limpar alguma coisa em nome do Planalto”, avaliou. Questionado pela imprensa se a possível destituição da executiva alivia a pressão sobre a presidente Dilma Rousseff, o tucano afirmou que todos devem voltar as atenções para a petista e perguntar a ela “por que demorou tanto para agir dessa forma”.

O presidente nacional do PSDB, Aécio Neves, também comentou a iminente mudança da direção. “Dilma permitiu que Foster assumisse um desgaste enorme ao longo desse último período, como se isso pudesse defendê-la ou pudesse de alguma forma anistiá-la das suas responsabilidades. No momento em que fica insustentável a presidência de Graça Foster, ela anuncia ou pelo menos sinaliza com a sua saída”, declarou.

Muito a apurar – A CPI da Petrobras deve retomar as investigações iniciadas em maio do ano passado, quando a oposição conseguiu vencer a resistência do Palácio do Planalto e instituir um colegiado formado por deputados e senadores para apurar o gigantesco esquema de corrupção que tomou de assalto a estatal. Os trabalhos foram encerrados em dezembro de 2014 com os governistas dispostos a evitar qualquer desgaste para a presidente Dilma Rousseff e seus aliados.

A missão naufragou diante do relatório paralelo elaborado por Sampaio, que pediu o indiciamento de Foster e mais 60 envolvidos no escândalo da petroleira, além de responsabilizar Dilma pelos prejuízos causados pela compra da refinaria de Pasadena (EUA).

 No texto, Sampaio destacou ainda a necessidade de continuidade das investigações, já que sobravam indícios de envolvimento da cúpula do governo no caso. “O Brasil inteiro sabe que os trabalhos da CPI Mista não foram concluídos”, reforçou Araújo.

 Entre os vestígios coletados pelo líder tucano destaca-se o trecho do depoimento prestado pelo doleiro Alberto Youssef, divulgado pela revista “Veja” no fim de outubro, em que ele afirma que o “o Planalto sabia de tudo”. Perguntado pelos investigadores a quem se referia, o doleiro, de acordo com a publicação, respondeu “Lula e Dilma”.

 Outro indício evidenciado pelo parlamentar foi o e-mail enviado pelo então diretor de Abastecimento da companhia Paulo Roberto Costa, em setembro de 2009, à então chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Na mensagem, o diretor orienta para uma “solução política” ao pedido do Tribunal de Contas da União (TCU) de interrupção no repasse de verbas a obras da Petrobras com irregularidades. O Congresso aprovou o corte dos recursos para as obras, mas o então presidente Lula vetou.

 (Reportagem: Luciana Bezerra/ Fotos: Alexssandro Loyola/ Áudio: Hélio Ricardo)

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3 fevereiro, 2015 Últimas notícias Sem commentários »

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